O número de pessoas mortas em chacinas – assassinatos com três ou mais vítimas em um mesmo local – cresceu 166% no Rio de Janeiro quando comparados os oito primeiros meses do ano passado. Mas para Michel Temer, os índices de combate à criminalidade da intervenção federal na segurança pública são “extraordinários” e que está “satisfeitíssimo” de ter decretado a medida.A afirmação foi feita em reunião no Comando Militar do Leste, no Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde participou de uma reunião em que foi apresentado um balanço dos seis meses de intervenção federal.
Nesses três a quatro meses, os índices de combate à criminalidade são extraordinários. E eu sei que, de vez em quando, se diz que o apoio à intervenção federal caiu de 74 para 66 , e eu mesmo me indago: qual é o setor da atividade pública que tem 66% de aprovação da população? Quando ultrapassa a margem de 50%, é extremamente favorável”.
O parâmetro de índice de aprovação não é mesmo o forte de Temer, que pelas pesquisas é o presidente para impopular da história.
De acordo com o Observatório da Intervenção – criado para monitorar o impacto da operação – homicídios e chacinas se mantêm muito altos; mortes decorrentes de intervenção policial e tiroteios aumentaram e as disputas entre quadrilhas, incluindo milicianos, fugiram ao controle.
Segundo dados, o número de tiroteios no Rio cresceu 40% desde o começo da intervenção. “Os resultados mostram que o modelo de segurança dependente de munições, tropas e equipamentos de combate não é capaz de produzir as mudanças de que o Rio necessita”, diz um trecho do balanço do Observatório.
Mas no mundo de Temer, a intervenção é federal tem sido extraordinária. “Nós, na área federal, estamos satisfeitíssimos com o fato de termos decretado essa intervenção parcial. E ressaltei que muitas e muitas vezes o exemplo do Rio de Janeiro tem sido invocado por outros governos, que também vão à minha sala pedir uma intervenção federal nessa área”, garante ele, sem apresentar os números que demonstrem o extraordinário que cita.
De acordo com o gabinete de intervenção, desde fevereiro, 35 pessoas morreram em confrontos em operações que tiveram a participação das Forças Armadas, sendo três militares do Exército. A apreensão de armas chegou a 152 unidades, sendo 86 pistolas, 37 granadas e 29 fuzis.
No período, foram detidas 518 pessoas, sendo 56 menores apreendidos. Quase 92 mil militares participaram das operações.
Mas de acordo com o Laboratório de dados Fogo Cruzado, em 2017, houve 21 chacinas que resultaram em 71 pessoas mortas. Neste ano, em 47 ocasiões, o levantamento da instituição contabiliza 189 assassinatos. Os dados revelam que mais que dobrou a letalidade e a violência em diferentes cidades do estado.
Dos 47 casos registrados só nos primeiros oito meses deste ano, 26 deles ocorreram durante operações das forças de segurança envolvendo policiais ou militares.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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