O candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas, Donald Trump, precisou da escolta de agentes dos serviços secretos daquele país para ser retirado de um comício em Dayton, estado do Ohio, neste Sábado.
Um homem não identificado, revela a agência Reuters, tentou acercar-se do bilionário quando este se encontrava no pódio para discursar, e foi de imediato impedido por agentes de segurança. Trump continuou o seu discurso, mas a tensão criada pelos acontecimentos de Chicago, na passada sexta-feira, aumentou. Trump chegou a insinuar que o Partido Democrata estaria por detrás dos incidentes.
Recorde-se que Donald Trump cancelou um comício na passada sexta-feira, depois de confrontos ocorridos no Chicago Pavillion, na Universidade de Illinois, e na área em torno da instituição. Segundo revela o The Guardian, houve confrontos naquela área entre apoiantes de Trump, protestantes que se opunham ao candidato presidencial republicano e a polícia teve de intervir.
Foram feitas detenções, incluindo pelo menos um jornalista
Trump queixava-se à estação de televisão MSNBC: “É triste quando não se pode fazer um comício, o que é que aconteceu à liberdade de expressão?”. O comício estava previsto para ser numa universidade com grande diversidade de etnias e culturas, no coração da cidade de Chicago, onde boa parte da população é democrata e os republicanos são em minoria.
Os protestos foram levados a cabo por pessoas que se opõem a Donald Trump, mais concretamente às suas opiniões manifestadas acerca da imigração e questões raciais. Entre ânimos exaltados e linguagem de calão, os manifestantes de cada lado foram subindo o tom da contestação, as forças policiais também foram incluídas nos insultos, pelo que começaram a evacuar pessoas do local.
Quando se tornou público que Donald Trump não ia comparecer, os ânimos exaltaram-se ainda mais, explica o jornal britânico. Alguns dos manifestantes clamaram pela presença do bilionário, enquanto que do outro lado, alguns hispânicos gritavam “Sí, se puede” (“Yes we can”) e erguiam cartazes em apoio a Bernie Sanders, candidato democrata.
Uma declaração emitida pela campanha do republicano explicou as razões do cancelamento do comício, alegando razões de segurança, e pediu às pessoas “para irem em paz”. A declaração enfatizou que o candidato aconselhou-se com autoridades no sentido de decidir manter ou não o evento, porém, a polícia de Chicago afirmou que não foi consultada nessa decisão.
Este apelo do candidato não impediu os confrontos. Um dos rivais republicanos do bilionário, Ted Cruz, também ele candidato a concorrer à Casa Branca, comentou os acontecimentos: “uma campanha implica responsabilidade ao criar um ambiente. A consequência previsível dos comentários de Trump é que haja uma escalada. Hoje é pouco provável que seja a última vez que isso acontece”, acusou.
Outro adversário político do bilionário, John Kasich, declarou: “Esta noite, as sementes da discórdia que Donald Trump tem plantado durante toda esta campanha finalmente deram frutos, e foi feio”.
Marco Rubio, outro candidato republicano, disse que existe “uma indústria de movimentos de protesto” em Chicago com alguns dos participantes “provavelmente a serem pagos para fazerem isto”.
A Reuters revelou a reacção, do lado democrata, aos confrontos em Chicago
Bernie Sanders, o senador do Vermont, refutou as acusações de Trump, dizendo que este é um candidato “que promoveu o ódio e a divisão”, e prosseguiu as acusações: “tal como neste caso, e virtualmente todos os dias, Donald Trump está a mostrar ao povo americano que é um mentiroso patológico. Obviamente, eu reconheço que tenhamos tido apoiantes no comício de Trump em Chicago, mas a nossa campanha não organizou os protestos”.
Por sua vez, Hillary Clinton, também candidata democrata à Casa Branca, disse que a retórica do bilionário republicano nos comícios era “de grande preocupação”.