A delegação do Oeste da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores) organizou um jantar-debate no Convento do Varatojo, em Torres Vedras, com a presença de Alexandra Machado, directora executiva da Girl Move.
Auto-intitula-se “empreendedora social”, porque trabalhou toda a vida em gestão de empresas, tendo sido directora da Nike nos últimos dez anos. Mas entretanto dedicou-se a um projecto social em Moçambique, de acordo com o princípio do “amor ao próximo” como o factor mais importante em gestão, sobretudo para um gestor católico.
“Estava há dez anos na minha zona de conforto e pensei no que é que eu podia fazer com os meus talentos e com a minha fé”, explicou Alexandra Machado. Depois pensou nas mais de 15 milhões de raparigas que em todo o mundo são mães prematuramente e olhou para Moçambique, país lusófono onde apenas 10 por cento das raparigas transitam para o ensino secundário e somente um por cento chega à universidade. Isto porque naquele país africano 60 por cento das mulheres são mães solteiras e têm em média seis filhos.
“Ser mãe prematuramente impede que elas continuem os estudos e tenham mais oportunidades na vida”, frisou a oradora, que adiantou haver uma pressão social para que as raparigas entre os 12 e os 15 anos constituam família.
Criou então a Girl Move Academy, no norte de Moçambique, onde cerca de 1.300 raparigas frequentam uma academia. Todos os anos são escolhidas 30 jovens mulheres com capacidade de liderança e são-lhes fornecidas ferramentas para que possam mudar o paradigma em Moçambique. Em quatro anos de actividade já saíram da academia cem jovens licenciadas, algumas delas com estágios em empresas em Portugal.
O tema da palestra de Alexandra Machado, contudo, foi “Liderar com Impacto”. Um assunto que tem tudo que ver com o projecto Girl Move Academy, porque o objectivo é formar mulheres com capacidade de liderança de modo a que possam ser o motor da mudança em Moçambique, em África e no mundo.
A liderança com impacto e a relação com o projecto Girl Move Academy obedeceu a três factores, de acordo com Alexandra Machado: a mudança da gestão de uma empresa como a Nike para o empreendedorismo social em África, o amor ao próximo e a consciência social (um líder com impacto tem de saber o propósito daquilo que faz).
O projecto já tem 30 funcionários em Nampula e o patrocínio de mais de três dezenas de empresas. Desenvolve-se a partir de três programas: Change, para mulheres moçambicanas, licenciadas ou mestres, com elevado potencial de liderança e vontade de fazerem parte da solução do seu país; Lead, para jovens universitárias moçambicanas, residentes em Nampula, com perfil de liderança e de mentoria para as Mwarusis; e Believe, para meninas, as Mwarusis, entre os 12 e os 15 anos, a frequentar a 7ª classe, residentes em bairros vulneráveis de Nampula.