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Quarta-feira, Janeiro 22, 2025

Psicologia Positiva: o melhor de cada pessoa!

Ana Pinto-Coelho
Ana Pinto-Coelho
Aconselhamento em dependências químicas e comportamentais, Investigadora Adiction Counselling

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Em menos de uma década, a psicologia positiva (PP) tem atraído a atenção não só da comunidade académica, mas também do público em geral. O termo tem o cunho de Abraham Maslow, o mesmo criador da famosa pirâmide das necessidades (a vida agradável, a vida boa e vida com significado. Tudo coisas diferentes).

É bom perceber que o mundo está interessado em conhecer e entender a psicologia positiva. Bem melhor do que sabê-lo imerso em curiosidades mórbidas como são as que nos assaltam diariamente.

Ainda assim, quando pesquisei em português sobre este assunto, muitos links com notícias sobre destruição e economia ainda foram aparecendo, mas não invalidou o facto de encontrar milhares de entradas sobre PP. Fiquei contente com isso! Há quem queira mesmo mudar o Mundo para melhor e focar-se nisso de forma realmente séria.

Apresentando o tema, para quem não saiba, a psicologia positiva é o estudo científico do que torna a vida mais digna de ser vivida. É uma chamada para a ciência e para a prática psicológica no sentido de conseguirmos estar tão preocupados com as nossas forças como com as fraquezas e tão interessados em construir as melhores coisas nas nossas vida como na reparação do que acontece de pior.

Nenhuma definição diz ou insinua que a psicologia deve ignorar ou rejeitar os problemas reais que as pessoas experimentam. Em nenhum lugar se diz que “o resto” da psicologia precisa ser posto de lado ou substituído.

O valor da psicologia positiva é, isso sim, complementar e procura desviar-se um pouco do que a psicologia dominante faz há anos e que sempre foi focar-se no problema.

Na PP dizem-nos, em primeiro lugar, que o que é bom na vida é tão genuíno quanto o que é mau. Em segundo lugar, que o que é bom na vida não é simplesmente a ausência do que é problemático. Nós todos sabemos a diferença entre não estar deprimido e, o seu oposto, saltar para fora da cama de manhã com entusiasmo. Em terceiro lugar, que a vida boa pode requerer a sua própria explicação.

A PP é psicologia – e psicologia é ciência – e a ciência exige teorias verificadas, exige provas, factos. É por isso que a PP não pode nem deve ser confundida com auto-ajuda – frases e conceitos bonitinhos atirados para o ar com que geralmente toda a gente se identifica porque são absolutamente básicos.

“Psicologia positiva não é nem uma versão reciclada do poder do pensamento positivo nem uma sequela para o segredo”, diz Christopher Peterson (famoso psicólogo que morreu em 2012, aos 62 anos) e que, sobre isto mesmo, foi escrevendo numa coluna de opinião intitulada “The Good Life”.

À luz das pesquisas que fiz, tudo o que foi estudado e aprendido sobre PP não está ainda reflectido nem mencionado em qualquer curso normal de psicologia. A razão é apontada em algumas entrevistas, mas de facto esta é apenas mais uma disciplina que vai levar o seu tempo a ganhar o espaço que merece. Tal como o Aconselhamento em adicções ou dependências (também ainda uma área por certificar em Portugal) que, de resto, trabalha já com algumas influências da PP e com assinalável sucesso.

Resumidamente o que se pode ler nos princípios da PP, será:

  1. A felicidade é a causa das coisas boas da vida. As pessoas que estão satisfeitas com a sua vida terão eventualmente ainda mais razões para continuar a estar. Porque a felicidade leva a bons resultados na escola e no trabalho, em manter boas relações sociais e até mesmo ter melhor saúde e longevidade;
  2. A maioria das pessoas no planeta, ao contrário do que se julga, estão felizes;
  3. A maioria das pessoas são resistentes. Mesmo que julguem o contrário – e esse pensamento negativo é que vai ser aniquilador;
  4. A felicidade – ou os momentos felizes – os pontos fortes da personalidade de cada um e as boas relações sociais são verdadeiros amortecedores para as adversidades, insucessos ou decepções com que nos vamos deparando na vida;
  5. As crises revelam o carácter;
  6. O trabalho deve ser executado no sítio e ambiente onde melhor se encaixam as pessoas, onde exista um propósito e significado reais no dia a dia;
  7. O dinheiro contribui para o bem-estar mas só compra felicidade se for gasto com terceiros;
  8. As escolas estão muito, muito atrasadas. Ensinam explicitamente o pensamento, as matérias, o estudar e o decorar. Deviam ensinar o pensamento crítico, as disciplinas integradas e o carinho incondicional. A existência e o respeito ao próximo como pedra basilar da condição de se ser humano;
  9. Um dia bom tem intrínsecas características como sentir-se autónomo, competente e bem conectado a outros;
  10. A vida boa (que não é a boa vida, atenção…) pode ser ensinada!

Tudo isto significa que a felicidade não é de todo o resultado de uma série de condições que atinge apenas alguns afortunados. Há coisas que toda a gente pode fazer para levar uma vida melhor apesar dos inúmeros condicionalismos que cada um teima em requerer. De facto, todos devemos começar a comportar-nos de forma diferente e permanentemente, se a recompensa for ser feliz. A vida boa é um trabalho duro, voltando a citar Peterson, “não há atalhos para a felicidade sustentada”!

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