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João de Sousa

Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Pudessem

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

Poemas de Delmar Maia Gonçalves

“Pudessem”

Pudessem os bons compreender
que o silêncio é também
o suicídio das almas vindouras
Pudessem os bons interiorizar
que só a união faz a força
Pudessem os bons motivar-se
para a acção contra a ditadura da passividade
Pudessem os bons gritar
bem alto : – Basta!

“Trabalho da língua”

Que trabalho prazeirento este
o da língua
essa em que dizemos
com mãos e vozes seguras
alinhos, desalinhos
atinos, desatinos
acertos, desacertos
vias e desvios.

 

“A ausência”

Em berço meu
era eu a ausência perdida
o silêncio sufocado
Mas nem sempre
fui silêncio…!
Fui talvez
o murmúrio
dos novos tempos.

 

“Quando o silêncio…”

Quando o silêncio
faz silêncio
vejo o silêncio
a gritar no silêncio!

 

“Vazio”

Em declínio
me quedo
dando um tiro
no coração
do vazio
da minha dor.

 

“Solo”

Mãe
minha pátria
é o teu solo.

 

“Mãe”

Mãe
nos teus olhos
vejo
o exílio forçado!


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