Chegam-nos em quantidade assustadora indicadores dos limites de liberdade individual que afetam os cidadãos russos. Por complemento de atividade, as violações à liberdade religiosa são sempre os temas que mais se destacam e que nos interessam observar. Já nos referimos a isso em lugares apropriados – e mesmo nestas páginas, como alguns estarão recordados.No entanto, a razão destas linhas acaba por ser diferente. Prende-se com uma intervenção de Vladimir Putin, figura que o ocidente europeu, de modo geral, vê de forma ambígua e que, de modo geral, desconhecemos.
Vladimir Vladimirovitch Putin, é o atual presidente da Federação Russa, o país com maior área do planeta. Além de ex-agente do KGB no departamento exterior e chefe dos serviços secretos soviético e russo, KGB e FSB, respectivamente, Putin foi primeiro-ministro, sendo agora Presidente. Nele encontramos muitas vezes o que alguns entendem como os tiques do czar, e o desejo de colocar no mapa o seu país como o mais importante e influente de todos, com ambições imperiais herdadas de outros tempos.
Há poucos dias, Putin surpreendeu muitos analistas, pois veio trazer à discussão pública um tema que a ética terá de tomar como uma das suas prioridades: o ser humano – artificial – do futuro e o perigo que constitui o desejo de criar, em laboratório, um ser feito à nossa imagem e semelhança – metáfora aplicável: a delegação de uma tarefa “divina”, apropriada pelo Homem.
Putin falava durante o XIX Festival Internacional da Juventude e Estudantes, em Sochi, uma cidade-resort da Rússia situada no Krai de Krasnodar, no sudoeste do país, nas proximidades das montanhas nevadas do Cáucaso e do mar Negro.
Putin chamou a atenção para uma realidade em curso: os humanos geneticamente modificados que podem tornar-se ainda mais perigosos do que uma bomba atómica. A engenharia genética oferece hoje em dia possibilidades incríveis, afirmou Putin e fundamentou: É fácil imaginar que uma pessoa possa criar outra pessoa com características específicas. Pode tratar-se de um génio da matemática ou de um génio da música, mas também de um soldado capaz de lutar sem medo, sem sentimentos, sem dor e sem piedade”
Putin terá usado palavras como “decência” e “moral”, como prioridades para o ser humano, sugerindo a defesa da Humanidade contra aqueles que a querem destruir. Manifestou a sua aposta na juventude – capaz de construir o mundo novo, uma utopia aliás, sempre renovada e bem conhecida de muitos episódios fundamentais da História Universal.
Uma intervenção que nos sugere, no mínimo, a referencia, e uma meditação a condizer.
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