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João de Sousa

Quarta-feira, Julho 17, 2024

Quando a classe política, em Braga, era uma elite

A classe política de Braga é uma estirpe que não abdica do seu lazer em função de compromissos assumidos ao candidatarem-se a cargo publico e que, nessa qualidade, devia ter obrigações a todo o tempo e.… foi de férias.

É que nem sequer tiveram o cuidado de fazer como o fazem todos os outros profissionais, dos mais diversos setores, com exclusão de uma parte do tecido empresarial que encerra a porta para férias, que é, em sintonia com os seus colegas, repartirem entre si os tempos de lazer (férias) de forma a assegurarem os “serviços mínimos” que são os de estarem ao serviços das populações para aquilo que essas populações possam necessitar.

Uma informação que seja.

Numa época do ano em que, a nossa comunidade de emigrantes aproveita para visitar os seus e inteirar-se das mudanças que aconteceram na sua terra, mas também, os turistas que, oriundos de outros países, vem visitar a cidade e inteirar-se das semelhanças e diferenças da sua realidade Histórica e cultural e de qualidade de vida em relação com as restantes cidades continentais e intercontinentais.

A classe politica de Braga, que não aceitou a transição de um legado cultural de serviço publico às comunidades que, é suposto representar, só porque não se quer identificar com a História da cidade que a obra das figuras do passado representam, nem tão pouco com os valores de identidade comunitária por presumirem serem dotados de qualidades superiores e, pretendeu, cortar o cordão umbilical com esse legado.

A “escola” de aprendizagem politica que advinha de algumas disciplinas do ensino básico com projeção nos ensinos secundário e superior foram substituídas por outras mais viradas para a especialização profissional anulando de forma sub-reptícia o saber e o conhecimento social em que assentam as sociedades e a sua organização que era coisa em que a citada classe com quem cortaram o cordão umbilical era altamente preparada e qualificada em tempos não muito remotos.

De uma verticalidade e seriedade intelectual ímpares!

Era uma elite.

Uma casta distinta em que o saber acumulado acrescentava sempre valor, transformando-a numa elite superior pela simplicidade, discernimento, e, sobre tudo, capacidade em servir com estoicismo no âmbito das diferenças ideológicas marcantes que tinha, mas que sabia respeitar, inclusive, admirar!

Esta constatação até podia ser uma constatação grosseira se não correspondesse ao que de facto se passa no burgo bracarense.

Um burgo também ele alienado por festas populares e outras copiadas de outras paragens, futebol e, de há uns tempos a esta parte, o fado. Acontecendo um outro “fado” que é a perda de identidade local em ritmo acelerado e, os arraiais minhotos já não são tradição nem os viras nem os cantares ao desafio nem… quase tudo aquilo que nos caraterizava como comunidade minhota integrada numa região de excelência pela sua riqueza de tradições nos usos e costumes.

Neste contexto, a constatação supra é uma constatação daquilo que acontece de forma unilateral no todo do universo politico partidário citadino que resulta na vulgaridade de uma classe social vazia; sem ideias; sem projetos sociais estruturados; desligada das realidades conjunturais distintas de cada bairro ou freguesia; aculturada; sem vida própria; sem autonomia racional; sem… tudo aquilo que se exige de uma classe encarregue de gerir o futuro!

Condição que não se circunscreve a um único e exclusivo partido político, como já foi referido. É uma condição transversal a todos os partidos políticos, associações e movimentos cívicos em geral, no todo citadino, como também já foi mencionado.

Um facto incontornável, por ser uma evidencia, é o de uma áurea de estado amnésico, nuns casos, e de anestesia geral noutros casos, em que:

  • os “pirilaus” – termo popular – que são colocados na via publica são assunto de política local e a educação algo de somenos importância porque até já se fecham escolas e, salvo uma ou outra intervenção nas sessões ordinárias da Assembleia Municipal, nada mais se fez;
  • as cadeiras de café, pontos de discussão acesa sobre o nada social porque não gera riqueza cultural ou outra qualquer socialmente relevante como o são o salário auferido pelo jogador “x” ou o dirigente “y”;
  • e, a proposta de um líder politico no sentido de “matar” a velhice com qualidade de vida e outras no sentido da privatização do ensino, recursos naturais e outros, a que já se junta a de privatizar ramais rentáveis da ferrovia de forma a que ao Estado reste a médio prazo a insolvência, nem sequer são mote para coisa nenhuma;

A elite política sumiu para dar lugar a uma casta vulgar de pessoas à procura de oportunidades e pouco mais.

 

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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