Tanto que gostaria de fazer aquela viagem dos seus sonhos, aliás, todas aquelas viagens com que sempre sonhou e se ficou pelas descrições e pelas imagens que leu e viu pela internet, pela TV, ou através de amigos. Sente uma nostalgia, tristeza mesmo, porque o dinheiro nunca chega para ir conhecer novos países, novas cidades, novos recantos. Seria feliz se pudesse escolher cada destino – a lista seria quase que sem fim – e, sem preocupações de dinheiro, partir à descoberta de novas paisagens, novas gentes, novas culturas.
Pense que férias – e boas férias – podem também não ter a ver com viajar. E que elas podem ser tão ou mais prazerosas. Férias caseiras, sem a obrigatoriedade de sair de casa, pense no que isso é bom. Ler um bom livro, ver aquela série que há muito programou ver e que nunca tem tempo, e está sempre adiando; estar com os amigos ou simplesmente consigo própria. Passear ao ar livre, matricular-se num workshop interessante e que tanto lhe diz; ou não fazer nada.
Se refletirmos, concluiremos que a felicidade não está em viajar mais, nem menos. Mas que ela está dentro de nós mesmos. Há pessoas a quem lhes sobra dinheiro mas que tudo dariam para ter a nossa vida. Um filho doente ou problemático, um trabalho de que não se gosta, um marido/esposa irascível, um familiar que só traz dissabores.
Na aceitação e no apaziguamento connosco próprios está o bem estar e a alegria. Aqueles que viajam assiduamente são unânimes em afirmar que mais do que ir, gostam é de regressar ao conforto dos seus lares e às suas rotinas.
Reflexione, pois, sem amargura, no facto de não lhe ser possível cumprir esses sonhos de novos conhecimentos e de novas descobertas. Com a paz no coração, seja bem feliz ao seu modo, valorize tudo o que faz feliz e o faz sentir bem. Se estiver atento ao seu redor, ou souber como os outros sentem a vida, vai ser capaz de inferir que a vida deles e a de todos nós, independente das mais fantásticas das viagens.
Sobre o dinheiro que não chega, certa vez, Ernest Hemingway (1899-1961) foi confrontado com a frase de que os ricos seriam diferentes; ao que ele simplesmente respondeu: “Sim, têm mais dinheiro.”
Por isso, com mais ou menos dinheiro, viva a vida!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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