Louise Mensch, ex-parlamentar britânica pelo Partido Conservador, assina um editorial muito directo no New York Times: a autora defende que o Reino Unido saia da União Europeia.
Sublinhando a ironia da proximidade do Dia de São Valentim, ao qual acrescenta a alegoria de “um divórcio político” que os britânicos poderão enfrentar, a autora do editorial fala do Brexit (termo que indica a possibilidade do país sair da União) estar sobre a mesa.
Muitos britânicos vêem com bons olhos esta saída, porque desejam recuperar a soberania inglesa que Bruxelas quer reduzir cada vez mais; recorda a promessa do primeiro-ministro David Cameron de fazer um referendo sobre o assunto até 2017, sendo a data mais provável, para a autora, Junho ou Setembro.
Numa sondagem recente, mais de 70% dos membros do Partido Conservador do país manifestaram-se a favor do Brexit.
Mensch afirma que Cameron prefere a continuidade do Reino Unido na EU; mas, no início deste mês, regressou de Bruxelas desapontado e com um pacote de propostas de tal forma fraco que despoletou a unanimidade, por parte da imprensa no sentido da sua rejeição.
David Cameron viu adiada a medida de redução de subsídios para imigrantes europeus em solo britânico e não conseguiu impedir que trabalhadores no país enviem abonos de família para menores para os seus dependentes noutras partes da Europa.
Enquanto que a próxima cimeira da União Europeia não parece favorável às pretensões do governante britânico, o ambiente no país “é optimista; um divórcio amigável, consideram muitos, é melhor que um mau casamento”, escreve a colunista.
Louise Mensch defende ainda que essa saída é também positiva para os aliados europeus. E explana os seus argumentos: se a Grã-Bretanha cortar nos 55 milhões de libras (80 milhões de dólares) diários que envia para Bruxelas, poderia reduzir os cortes impostos pela austeridade naquele país, equilibrando mais depressa as contas britânicas.
No capítulo da imigração ilegal, Mensch recorda que cada vez mais britânicos defendem restrições na entrada de novos refugiados em solo inglês, alegando que a Turquia, de onde boa parte deles ruma à Europa, já é um destino seguro. Os cidadãos britânicos, prossegue, recusam-se a ignorar os recentes ataques sexuais a mulheres em Colónia, na Alemanha, alegadamente levados a cabo por migrantes, e o facto de que boa parte dos que procuram refúgio na Europa são homens jovens em idade de combater que aparentemente terão abandonado as famílias.
Outro aspecto, recorda, é que o Brexit nunca foi um debate esquerda vs direita: na década de oitenta, a conservadora Margareth Thatcher e o político de esquerda Tony Benn uniram-se para apoiar o Brexit, e apoios tanto de um lado como de outro repetem-se hoje, acrescenta Mensch.
Apesar destas cautelas, o país não é anti-imigrantes, deseja apenas gerir a sua própria política de imigração.
O país é a favor do livre comércio e não vê necessidade em pagar para ter acesso aos mercados, exigindo ainda mais liberdade para ter transacções comerciais com a Índia, China e restantes países do mundo, esclarece a autora. Num tom de ironia, recorda os pedidos pró-europeus para que o Reino Unido aderisse ao euro, senão era o desastre. No entanto, a Grécia tem passado por um período muito difícil, e a Grâ-Bretanha “não lhe viu cair o céu em cima da cabeça porque mantivemos a libra e prosperámos”.
Mensch lembra o tratado com Portugal, a mais antiga aliança formal do mundo (Tratado de Windsor) para sublinhar que os ingleses desejam manter boas relações com os seus aliados como sempre têm feito até hoje, e que apesar da Europa ser o passado e o futuro dos ingleses, o projecto europeu “é uma relíquia dos anos 70” e que “queremos apenas abandonar uma burocracia que está a falhar”.
[…] Source: Brexit | “Queremos sair da União Europeia” – Jornal Tornado […]
[…] Leia, sobre o mesma tema […]