Em 1985, Quincy coproduziu e escreveu a partitura para a adaptação cinematográfica de Steven Spielberg do romance de Alice Walker vencedor do prémio Pulitzer, The Colour Purple. O filme marcou a sua estreia como produtor de cinema e recebeu 11 nomeações para os óscares do ano, incluindo melhor banda sonora, melhor canção original para “Miss Celie’s Blues” e melhor filme.Ainda em 1985, no seguimento da cerimónia da American Music Awards, Quincy usou toda a sua influência para chamar a estúdio a maioria dos grandes artistas americanos da época. O objetivo foi gravar a música “We Are the World” e obter fundos para as vítimas da fome na Etiópia. Quando as pessoas se maravilhavam com a sua capacidade para fazer esta parceria funcionar, Quincy explicou que tinha simplesmente colocado uma placa na sua porta do estúdio, que dizia: “Verifique o seu ego antes de entrar”. A canção foi um sucesso, vendeu mais de 7 milhões de cópias com mais de 60 milhões de dólares de receita, e integrou a campanha USA for Africa, que em 33 anos já obteve mais de cem milhões de dólares para apoiar este continente.
“We Are the World” é ainda o mote para falar sobre o ativismo social de Quincy. Este começou na década de 1960 com o apoio do Dr. Martin Luther King Jr. Quincy é um dos fundadores do Instituto de Música Negra Americana (IBAM), cujos eventos visam obter fundos suficientes para a criação de uma biblioteca nacional de arte e música negra. Quincy é também fundador do Black Arts Festival, em Chicago. Na década de 1970, formou o The Quincy Jones Workshops. Estes decorrem em Los Angeles, no Centro de Artes e Variedades Landmark, ensinando e melhorando as competências dos jovens em termos de musicalidade, atuação e composição.
Durante alguns anos, Quincy trabalhou com Bono em diversas iniciativas filantrópicas. Em 1991 fundou a Quincy Jones Listen Up Foundation, uma organização sem fins lucrativos que construiu mais de 100 casas na África do Sul e que procura conectar os jovens com tecnologia, educação, cultura e música. Um dos programas da fundação é um intercâmbio intercultural entre jovens desprivilegiados de Los Angeles e da África do Sul. Em 2001 tornou-se membro honorário do conselho de administração da The Jazz Foundation of America, onde tem trabalhado para salvar as casas e as vidas de músicos idosos de jazz e blues, incluindo aqueles que sobreviveram ao furacão Katrina. Em 2004 lançou o projeto We Are the Future (WAF), que propicia a crianças, em áreas pobres e de conflito, a oportunidade de viver a sua infância e desenvolver um sentido de esperança. Apoia ainda outras instituições de caridade, incluindo a NAACP, GLAAD, Peace Games, AmfAR e The Maybach Foundation.
Em 1974, sofreu um aneurisma cerebral com risco de morte, pelo que decidiu reduzir a sua agenda e passar tempo com seus amigos e familiares. Quincy foi casado três vezes e teve sete filhos com cinco mulheres diferentes. Fiel adepto da astrologia, não acredita em vida depois da morte. Fala um pouco de iraniano, mas nunca conduziu um automóvel. Presente no Rock and Roll Hall of Fame desde 2013, Quincy recebeu inúmeras honras e prémios, sendo doutor honoris causa e conferencista em diversas universidades americanas e europeias.
Quincy Jones tem dedicado os seus últimos tempos a produzir discos e orientar jovens músicos. Entre estes contam-se Alfredo Rodríguez, Nikki Yanofsky, Andreas Varad, Justin Kauflin, Grace e sobretudo Jacob Collier, de quem se tornou mentor.
Vídeos
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.