O ainda Primeiro-Ministro espanhol, Mariano Rajoy, parece estar falho de argumentos para esgrimir uma posição governativa credível diante das Cortes e, por isso, durante o debate de investidura, decidiu atacar Pedro Sánchez com o argumento deste ter vindo a Lisboa com a missão de perceber “como se distorcem resultados eleitorais”.
Num tom de sublinhado azedume, Rajoy atirou-se ao rival socialista após um novo chumbo da tentativa de alcançar uma proposta de aliança entre o PSOE e o Ciudadanos. E para esconder a sua incapacidade (ou impossibilidade) para formar governo acusou o dirigente do PSOE de querer ganhar kudos políticos com um jogo de alianças com outras forças políticas e assim desvirtuar a vitória nas urnas do PP.
A certa altura no seu discurso, Rajoy desfere a sua estocada em Sánchez ao recordar-lhe a deslocação que este fizera a Portugal, em Janeiro passado, como forma de se inspirar para o actual jogo de alianças.
“Com que então, o senhor descobriu Portugal, e em Portugal a fórmula milagrosa de afastar o Partido Popular”, insinua Rajoy. “Confesse que aquele sonho o deslumbrou como uma miragem. Suponho que o Senhor terá dito: ‘se outros perdedores conseguiram, eu também posso’.”
Logo a seguir, prossegue: “no dia 7 de Janeiro viajou para Lisboa para aprender como se distorce um resultado eleitoral em benefício próprio. E ali mesmo nos anunciou a grande coligação de forças progressistas que pensava formar.”
Não deixa de ser uma declaração desesperada do ainda Primeiro Ministro espanhol, do governo de gestão, sobretudo quando resvala para além-fronteira. No entanto, percebe-se que também ele aprendeu a rima no coro dos seus homólogos lusitanos após as eleições de Outubro passado.
O que é mais curioso é que o fel destilado por nuestros hermanos não chegou a perturbar António Costa que, até ao momento, decidiu, pura e simplesmente, fazer ouvidos de mercador às declarações do Sr. Rajoy. Será?