Diário
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Novembro 2, 2024

Raul Seixas canta: “É fim de mês”

É fim de mês, é fim de mês
é fim de mês (é) é fim de mês (é)

É fim de mês

Composição: Raul Seixas/1975
Intérprete: Raul Seixas

É fim de mês, é fim de mês
é fim de mês (é) é fim de mês (é)

Eu já paguei a conta do meu telefone
Eu já paguei por eu falar e já paguei por eu ouvir
Eu já paguei a luz, o gás, o apartamento
Kitnet de um quarto que eu comprei a prestação
Pela caixa federal, au, au, au
Eu não sou cachorro não (não, não, não)

Eu liquidei, eu liquidei
Eu liquidei a prestação do paletó, do meu sapato, da camisa
Que eu comprei pra domingar com o meu amor
Lá no Cristo, lá no Cristo Redentor, ela gostou (oh) e mergulhou (oh)
E o fim de mês vem outra vez
E o fim de mês vem outra vez

Eu já paguei o peg-pag, meu pecado
Mais a conta do rosário que eu comprei pra mim rezar Ave Maria
Eu também sou filho de deus
Se eu não rezar eu não vou pro céu
Céu, céu, céu

Eu já fui Pantera, já fui hippie, beatnik
Tinha o símbolo da paz pendurado no pescoço
Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação
Já fui católico, budista, protestante
Tenho livros na estante, todos tem explicação

Mas num achei mas procurei
Pra você ver que eu procurei
Eu procurei fumar cigarro Hollywood
Que a televisão me diz que é o cigarro do sucesso
Eu sou sucesso eu sou sucesso
No posto Esso encho o tanque do carrinho
Bebo em troca meu cafezinho, cortesia da matriz
There’s a tiger no chassis
There’s a tiger no chassis

Do fim de mês eu já sou freguês
Do fim de mês eu já sou freguês
Eu já paguei o meu pecado na capela
Sob a luz de sete velas que eu comprei pro meu senhor do Bonfim, olhai por mim

‘To terminando a prestação do meu buraco
Meu lugar no cemitério pra não me preocupar
De não mais ter onde morrer
Ainda bem que no mês que vem
Posso morrer, já tenho o meu tumbão, o meu tumbão

Eu consultei e acreditei no velho papo do tal psiquiatra
Que te ensina como é que você vive alegremente
Acomodado e conformado de pagar tudo calado
Ser bancário ou empregado sem jamais se aborrecer
Ele só quer, só pensa em adaptar
da profissão seu dever é adaptar
Ele só quer, só pensa em adaptar
da profissão seu dever é adaptar

Eu já paguei a prestação da geladeira
Do açougue fedorento que me vende carne podre
Que eu tenho que comer que engolir sem vomitar
Quando às vezes desconfio se é gato, jegue ou mula
Aquele talho de acém que eu comprei pra minha patroa
Pra ela não, não, não me apoquentar

É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês
É fim de mês, é fim de mês


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -