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Sábado, Novembro 23, 2024

Rejeição do voto impresso não calará Bolsonaro

Tereza Cruvinel, em Brasília
Tereza Cruvinel, em Brasília
Jornalista, actualmente colunista do Jornal do Brasil. Foi colunista política do Brasil 247 e comentarista política da RedeTV. Ex-presidente da TV Brasil, ex-colunista de O Globo e Correio Braziliense.

Foi uma derrota acachapante, uma resposta eloquente ao desfile dos tanques com intenção intimidatória: na noite dessa terça-feira, a emenda do voto impresso obteve apenas 229 favoráveis  Bem menos que os 308 necessários. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram para não melindrar Bolsonaro com um voto contrário.

Ele vai respeitar o resultado, como teria prometido a Arthur Lira? Claro que não. Era isso mesmo que ele queria, a manutenção do voto eletrônico para poder falar em fraude quando for derrotado, criar confusão e, se puder, dar seu sonhado golpe. Desacreditar o sistema eleitoral é sempre um recurso dos que procuram a ditadura. O aparato sucateado que desfilou ontem, e o mal estar no alto comando do Exército, informam que não será tão fácil arrastar as Forças Armadas para a aventura, mas o plano segue adiante. O ridículo a que elas se prestaram ontem, em ato que expôs a debilidade e o isolamento político de Bolsonaro devem deixar sequelas.

Lira, nas entrevistas que se seguiram à votação,, disse algumas vezes que não deve haver “vencedores e derrotados”. Que é importante buscar medidas para dar mais segurança às urnas e sanar desconfianças da população, como se o povo, e não Bolsonaro, estivesse lançando dúvidas sobre o sistema.

O que ele está articulando junto ao TSE é  a tal ampliação do número de urnas que são submetidas ao teste de integridade. Este teste é feito em todos os pleitos, comparando votações simuladas com voto impresso e apenas eletrônico. Mas, como registrou o TUC em seu relatório, os partidos raramente comparecem, em sinal de que não desconfiam do sistema. Isso também não contentará Bolsonaro. Então, se ele chegar ao pleito, temos a confusão marcada.

O Senado também respondeu aos tanques com uma votação, derrubando a Lei de Segurança Nacional da Ditadura, agora transformada em Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito. Por mais fina ironia, vai à sanção de Bolsonaro, que conspira o tempo inteiro contra a democracia. E ainda poderá ser enquadrado nela.


Texto original em português do Brasil

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