Parece existir uma ideia que liga prestações sociais não assistencialistas a um certo liberalismo. Com isso surge o entendimento de, por exemplo o RBI, ser um instrumento do próprio capitalismo.Trata-se de um argumento compreensível, ainda assim, não tem de ser desse modo.
Existem várias alternativas que podem ajudar a mudar a história da empatia económica no mundo. Para Portugal a solução que proponho depende da alteração, dentro deste circuito, do papel dos bancos que deve ser muito limitado. Refiro-me à banca capitalista, naturalmente. Esta por ser uma força avançada do capitalismo moderno poderá subverter a lógica deste tipo de retribuição cidadã.
Conceber um rendimento único incondicional de cidadania e para todos que não sirva o capitalismo obriga ao incentivo à banca ética, cooperativa, etc… Por exemplo, quem recebesse um RBI ou similar estaria, assim, obrigado a movimentar esse dinheiro exclusivamente através de uma conta da banca ética ou cooperativa, i.e., não capitalista. Isto dito assim de forma simplista e em poucas palavras.
O capitalismo e os interesses privados estariam deste modo, grandemente, fora do circuito de administração das prestações sociais não assistencialistas. Agora o problema não seria da concepção ideológica do RBI. O mesmo acontecendo com qualquer outra participação de cidadania.
No momento em que todos ouvimos falar da banca ética ou cooperativa percebendo, como ela serve, também, para combater o capitalismo, só falta que quem pensa o RBI em Portugal tenha ideia igual, introduzindo no DNA do movimento a proposta aqui apresentada .
Só deste modo todos os envolvidos por qualquer rendimento de cidadania seriam, igualmente, donos do seu próprio banco.
Finalmente, quem melhor que a banca ética seria capaz de financiar projectos empresariais de cidadãos, que num determinado momento da sua vida, apresentam como único rendimento, por exemplo, um RBI? A banca capitalista não o seria com certeza…