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João de Sousa

Domingo, Setembro 1, 2024

A rentrée política de Sérgio Inocente

Luís Fernando, em Luanda
Luís Fernando, em Luanda
Jornalista, correspondente do Tornado em Angola

Políticos e multidão

Sérgio Inocente tem um defeito terrível: sempre que vê uma multidão pela frente, dá-lhe para dizer umas coisas. E multidão para ele não precisa que seja mesmo uma multidão, dois tipos com uma ganza activa chegam perfeitamente para ser muita gente. Desde que aplaudam, aplaudam muito. E à toa.

Desta vez, como em milhentas outras vezes antes, os assessores que lhe preparam os discursos que nunca lê sussurraram-lhe que, por amor à mãezinha querida, não se deixasse cair na tentação do improviso. Que tudo estava lá escrito, em linguagem directa e simples, aquela que a plebe adora para o aclamarem como o maior. Temiam um novo desastre de oratória, o que seria muito mau, pois nem uma semana tinha transcorrido do dia em que chamara «puta» à mulher do vereador da área da Cultura quando o que vinha no texto era «junta» de qualquer coisa, de cúpula, de freguesia ou outra geringonça que já não é importante agora.

«Se lhe saem as mesmas merdas com essa mania de não ler o que escrevemos, é o fim!», receou, tristonho, o líder da equipa do político.

E lá se fez à estrada Sérgio Inocente, candidato a qualquer coisa que sabe que é para ganhar. Vida de político é isso!

– Compatriotas, marimbo-me para a maneira como os ricos desta terra fizeram as suas fortunas; não tenho nada a ver com isso. Gamaram. A trabalhar é que não foi. Gamaram, foda-se. Pronto. Gamaram, é passado. Não precisam fugir. Não precisam meter-se em barcos e irem para o quinto dos infernos. Foi uma fase histórica. Não havia grande controlo ainda. Esta terra nem contabilistas tinha, vocês podem imaginar o que isso é. Vamos construir uma terra nova, diferente, nada de perseguições. Fugir? Correr? Para quê?! Somos todos irmãos. Votem é em nós, que faremos a diferença.

«Mas que milagre, como o homem vai bem, caramba», alegrou-se o assessor-chefe.

– Prosseguindo… vamos ter uma grande terra, de gente limpa, honesta, que se vai divertir a caçar ladrões de caçadeira em punho. Tolerância-zero com os «artistas» que se especializaram na arte de gamar o dinheiro do Povo. Agora falo como membro do Proletariado…

«Pronto, está feita a merda», desfez-se em fanicos o líder dos estrategas de campanha, sem certezas se voltaria a haver uma nova vez!

O autor escreve em PT Angola.

Nota do Director

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