Na Globo. A emissora deu a notícia “em primeiro lugar” (segundo os âncoras e repórteres que estão comandando o noticiário da emissora neste exato momento, terça-feira, 20h25, horário de Brasília) de que “o Ministério Público de São Paulo indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por crimes de estelionato e falsidade ideológica”.
“Lula está fugindo de Sergio Moro”, acaba de concluir a comentarista política Eliane Catanhêde, que fala ao vivo direto de Brasília. Ela conta também que “ministros mais próximos a Dilma continuam defendendo que Lula assuma um Ministério” para que não seja preso.
Por outro lado, no mesmo noticiário, outro comentarista (internacional) garante que “a justiça brasileira tem sido muito elogiada no Exterior graças à Operação Lava Jato”. De fato, a corrupção no Brasil está sendo investigada como nunca foi, mas o povo está assistindo a tudo, pela tevê ou redes sociais, como torcedores a uma partida de futebol.
Aliás, daqui a pouco, nossas emissoras de esporte vão transmitir um clássico e, a julgar pelos fogos que estou escutando aqui da janela, grande parte dos brasileiros já deixou de sintonizar estação política para ver um “bolão”.
Na Globo, as análises unilaterais continuam
Nas ruas da capital paulista, segundo alguns depoimentos que ouvi, as pessoas mal podem esperar para ir às ruas no dia 13: a corrupção tem que acabar é a bandeira. Ou elogiam Moro: “enfim temos um juiz que vai punir a corrupção no Brasil”.
Em jornais tradicionais, como a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, todo os detalhes dos fatos divulgados “em primeiro lugar” na Globo News podem ser conferidos, esclarecidos, com bom jornalismo. Mas, e a tal verdade, mito da profissão? Onde está? Difícil dizer onde está, mas é possível dizer que ela está também do outro lado, do lado dos que se recusam a receber notícias como se fosse uma “papinha de nenê”, pronta para engolir sem esforço de digestão intelectual.
Os blogueiros da esquerda ainda não lançaram editoriais, pelo menos segundo a minha conferência de uma meia hora atrás, mas o PCdoB soltou, via assessoria, uma nota que pode tranquilizar os que temem o golpe a qualquer momento. Segue abaixo, na íntegra:
PCdoB diz que impeachment perde força com rito do STF
Os embargos apresentados pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra o rito de impeachment da presidenta Dilma Rousseff definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devem ser julgados na próxima semana.
A informação foi dada nesta terça-feira (8) após reunião de deputados da oposição com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. A bancada do PCdoB acredita que o processo de impeachment perdeu força.
Os comunistas avaliam que, diferentemente do que diz a oposição, o rito do STF põe um fim na discussão do impedimento de Dilma.
Para o líder da bancada do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), agora é hora de ir para o debate de mérito. “O acórdão define de forma clara qual procedimento será seguido daqui para frente. Agora não há impeditivo para dar sequência ao processo de impeachment que está correndo na Casa. Queremos virar de uma vez por todas esta página do impeachment”, diz.
O vice-líder do governo, Silvio Costa (PTdoB-PE), a exemplo do líder comunista, não vê problemas na instalação da comissão especial do impeachment. Segundo ele, a medida contribuirá para esclarecer que não há motivos para a presidenta Dilma Rousseff deixar o governo.
“O governo quer, sim, instalar a comissão do impeachment, para acabar com esta brincadeira. A oposição brasileira, além de desqualificada, trabalha claramente contra o país. O governo não está preocupado com isso. Se votar amanhã e quiser instalar a comissão, a gente instala”, ressaltou Costa.
Sem força
O deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA) não acredita em alteração no resultado. “Foi uma decisão completa. Então, não acredito que haverá mudança, sobretudo, no que é essencial: o voto vai ser aberto, a comissão especial vai ser formada por indicação dos líderes e quem decide sobre o processo é o Senado junto com a Câmara. O rito inventado do Cunha está sepultado”, avalia.
Ele avalia que o impeachment só tinha força com as regras impostas pelo presidente da Casa. “A oposição contava com o rito do Cunha, mas com regra clara até a oposição tende a diminuir os esforços em relação ao impeachment. Nós não temos medo do debate político sobre essa questão, pois não há base jurídica que sustente o impeachment. Com este rito do STF, nós não teremos golpe, nem vamos ter impeachment”, afirma Rubens Pereira Jr.
(De Brasília, com informações da Ass. Lid. PCdoB na Câmara)
Nota: A autora escreve em português do Brasil