“É má prática não tratar com os novos fármacos, que diminuem o risco e a mortalidade cardiovascular, os doentes com diabetes tipo 2 que já tiveram um enfarte”
Da Sociedade Portuguesa de Diabetologia recebemos o seguinte comunicado, que pelo seu interesse publicamos na integra.
Sociedade Portuguesa de Diabetologia alerta para a necessidade de tratar o risco cardiovascular na diabetes tipo 2
Risco cardiovascular é duas a seis vezes superior nas pessoas com diabetes
“É má prática não tratar com os novos fármacos, que diminuem o risco e a mortalidade cardiovascular, os doentes com diabetes tipo 2 que já tiveram um enfarte”. O alerta é da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), que na sua Proposta de Actualização das Recomendações para o tratamento da hiperglicemia na Diabetes tipo 2 defende que o tratamento da Diabetes tipo 2 se torne cada vez mais individualizado, olhando para além da hiperglicemia. A SPD recomenda a procura do tratamento ideal para cada pessoa com diabetes tendo em conta as características individuais e as patologias que tem associadas, em particular as doenças cardiovasculares. Esta proposta encontra-se em discussão pública até ao dia 20 de Setembro.
“Se temos fármacos que tratam a diabetes tipo 2 ao mesmo tempo que reduzem o risco cardiovascular e a consequente mortalidade ou favorecem a perda de peso e isso é comprovado pelos estudos, devemos recorrer a eles para tratar a pessoa com diabetes de forma mais individualizada, promovendo a sua saúde geral”, aconselha o Dr. Rui Duarte, presidente da SPD.
“Sabemos, por exemplo, que uma pessoa com diabetes tem um risco de mortalidade por eventos cardiovasculares duas a seis vezes maior do que uma pessoa que vive sem a patologia, portanto, é uma má prática olhar só para a hiperglicemia e não tratar com os novos fármacos uma pessoa que já teve um enfarte, por exemplo. É uma má prática tratar a hiperglicemia sem recorrer aos novos fármacos que actuam nas patologias associadas e que podem reduzir o risco de novos eventos e até a mortalidade”, alerta.
De acordo com dados do Observatório Nacional da Diabetes (OND), a diabetes é uma das principais causas de morte em Portugal. As doenças cardiovasculares estão associadas a um impacto económico significativo, uma vez que levam a mais internamentos hospitalares e a maiores custos com o tratamento das comorbilidades da diabetes tipo 2, sendo responsáveis pela maioria da despesa em saúde com a diabetes.
Tendo em conta os estudos mais recentes sobre a eficácia e a segurança dos novos fármacos para o tratamento da diabetes tipo 2 e dos seus efeitos nas comorbilidades associadas à diabetes tipo 2, e no sentido de promover a individualização terapêutica na diabetes, a SPD publicou no seu site a Proposta de Atualização das Recomendações para o tratamento da hiperglicemia na Diabetes tipo 2 – 2018.
Esta proposta é uma actualização das recomendações nacionais da SPD para o tratamento da hiperglicemia na diabetes tipo 2 publicadas em 2013 e actualizadas em 2015, foi redigida por profissionais de saúde como Rui Duarte, Miguel Melo, J. Silva Nunes, Pedro Melo, João Raposo e Davide Carvalho e encontra-se actualmente em discussão alargada dentro do Grupo de Estudo de Recomendações Terapêuticas da SPD.
Além de a correcção do estilo de vida e a educação da pessoa com diabetes, que devem ser promovidas ao longo de toda a evolução da doença e da terapêutica de fundo com metformina como tratamento de 1ª linha, é de destacar que a decisão clínica deve basear-se nas característica individuais de cada pessoa e nos mecanismos de ação, na segurança e eficiência dos vários fármacos disponíveis. A decisão clínica deve dar especial atenção à doença cardiovascular, à obesidade, à doença renal, à presença de multimorbilidades e aos idosos em situação frágil. O tratamento da hiperglicemia deve ser individualizado e centrado na pessoa com Diabetes tipo 2 e não na doença – a diabetes – em abstrato.
O documento final, além das recomendações gerais, inclui, assim, documentos de individualização terapêutica na diabetes para pessoas com excesso de peso, com insuficiência cardíaca, com doença renal crónica ou idade avançada. Seguirá para publicação na Revista Portuguesa de Diabetes durante o mês de Outubro e será actualizado à medida que surgirem novos dados relevantes.
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