Sob pressão desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) passou a desautorizá-lo reiteradas vezes em público, Sergio Moro está cercado por rumores de demissão. Aliados já chegaram a lhe sugerir sua saída do governo. Mas, segundo o jornal O Globo, a opinião dominante entre eles é a de que o ministro da Justiça deve aguentar calado as derrotas e forçar Bolsonaro a assumir o desgaste de demitir o ministro mais popular da Esplanada se quiser ver Moro fora do governo.
Na quinta-feira (22), mesmo depois das declarações de Bolsonaro sobre a possibilidade de trocar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, Moro manteve a agenda sem qualquer alteração. Participou de duas solenidades e várias reuniões com auxiliares e com parlamentares. Não explicitou críticas ou queixas.
Tão reservado quanto Moro, o diretor da PF também decidiu se manter em silêncio. Depois da nota da semana passada na qual desmente Bolsonaro sobre as razões da troca do superintendente no Rio, Ricardo Saadi, Valeixo e os demais diretores resolveram aguardar os movimentos do presidente sem fazer novas manifestações públicas. Na nota, Valeixo disse que Saadi deixaria o cargo por vontade própria. Na quinta-feira passada, Bolsonaro afirmou que o delegado sairia por problemas de “gestão” e “desempenho”.
As declarações de Bolsonaro sobre Saadi foram as primeiras manifestações públicas de um presidente da República sobre um cargo de segundo escalão da Polícia Federal. Em geral, políticos, sobretudo governadores, tentam influenciar na indicação de superintendentes. Mas isso é feito, em geral, de forma indireta. E a cúpula da polícia evita indicar para as superintendências delegados sem bom trânsito com administradores locais, especialmente governadores.
Ao anunciar a saída de Saadi e mencionar um outro nome para o cargo, diferente do escolhido pelo diretor-geral, Bolsonaro interferiu na administração interna da polícia. Valeixo e os demais diretores teriam se sentido atropelados pela imposição do presidente. Da mesma forma, Bolsonaro teria se sentido afrontado pela nota em que a PF informa sobre os motivos da troca de comando no Rio e indica o nome do sucessor de Saadi, diferente do que o presidente anunciara.
De toda maneira, Moro não para de acumular reveses. Desde que foi enviado pelo ministro à Câmara dos Deputados, seu pacote anticrime vem sendo desidratado pelos deputados. Já de início, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, determinou que o projeto tramitasse junto de uma proposta do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O grupo de trabalho sobre o tema já fez mudanças na proposta do ministro.
Moro também gostaria que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) ficasse no Ministério da Justiça, mas foi derrotado na Câmara. Agora, o presidente do órgão, Roberto Leonel, indicado por Moro para o cargo, pode ser demitido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em meio a isso, a divulgação de conversas hackeadas do Telegram de procuradores da Lava-Jato desgastou Moro, que ajudou o Ministério Públicos em processos e é objeto de um julgamento no STF sobre suposta parcialidade quando era juiz.
No caso Ilona Szabó, Moro indicou a cientista política como suplente para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A militância bolsonarista nas redes sociais reagiu fortemente, e o ministro foi obrigado a recuar e desfazer o convite.
Texto original em português do Brasil
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