Dmitry Medvedev fala pelo Presidente russo Vladimir Putin
Segundo declarações ao jornal alemão Handelsblatt, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Medvedev, diz que “uma ofensiva terrestre estrangeira na Síria poderá significar o início de uma nova guerra mundial”.
“As ofensivas terrestres fazem geralmente com que uma guerra se torne permanente”, advertiu o primeiro-ministro russo, acrescentando que “todas as partes devem ser forçadas a se sentar à mesa de negociações, ao invés de desencadear uma nova guerra mundial”.
“Os americanos e os parceiros árabes devem reflectir muito bem: eles querem uma guerra permanente? Pensam eles que poderiam ganhar rapidamente uma guerra como essa? Qualquer coisa dessa ordem é impossível, principalmente no mundo árabe”, esclareceu Dmitry Medvedev.
Estas afirmações do primeiro-ministro russo, surgiram na sequência da postura da Arábia Saudita, nas últimas semanas, na aprovação de uma ofensiva terrestre na Síria, liderada pelos Estados Unidos, para supostamente combaterem os terroristas do Estado Islâmico (E.I).
Segundo o TORNADO apurou junto de fontes militares portuguesas, “a Arábia Saudita limitou-se a reivindicar aquilo que os Estados Unidos andam a defender há imenso tempo e que é a entrada de tropas especiais em território sírio e iraquiano”.
Aliás, a agência ‘Sputnik’ confirmou que o comportamento da Arábia Saudita foi bem recebida por Washington, que confirmou estar em negociações com Riad sobre o assunto. “Outros países, principalmente do Golfo Pérsico, também já estariam prontos para participar da operação”, esclareceu a agência noticiosa russa.
O problema é que os russos são contra a entrada de tropas ocidentais na Síria e no Iraque. Daí este medir de forças com os americanos e a Arábia Saudita. No fundo, Dmitry Medvedev, veio dizer aquilo que o Presidente russo, Vladimir Putin, gostaria de dizer.
Na reunião internacional consagrada à guerra na Síria, que teve lugar na cidade alemã de Munique, os russos apareceram a baralhar ainda mais a táctica militar dos americanos. “Se não houver investidas militares ocidentais na Síria, a Rússia avançará para uma trégua já a partir do dia 1 de Março”, afirmou o representante da Rússia, em Munique, à Agência France Presse (AFP).
Uma guerra que já provocou milhões de refugiados
A verdade é que a guerra na Síria já dura há cinco anos e os bombardeamentos da aviação russa prosseguem na cidade de Aleppo (Norte da Síria), provocando mais de um milhão de refugiados em direcção à fronteira da Turquia.
Federica Mogherini deixou claro em Munique ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, que “a União Europeia pretende a aplicação imediata do acordado em finais de 2015, relacionado com o fim da violência, assistência humanitária à população civil e início das negociações para garantir uma paz duradoura”. Os russos fizeram-se despercebidos e disseram que aguardavam uma resposta clara e objectiva de Washington, por parte de John Kerry.
Esta tarde e segundo a agência Lusa, o presidente sírio, Bashar al-Assad, admitiu o risco de invasão da Síria pela Arábia Saudita ou pela Turquia e sublinhou que “o objectivo da batalha na cidade de Aleppo é cortar o acesso à fronteira com a Turquia”.
Bashar al-Assad não se ficou por aqui e acusou a Europa de ser uma “causa directa” da fuga dos civis sírios ao “dar cobertura aos terroristas” e advertiu especificamente a França de que deve mudar as suas “políticas destrutivas” de apoio aos “terroristas”, termo que utiliza habitualmente para designar a oposição ao regime.
Mas até ao momento o governo francês ainda não reagiu às declarações de Bashar al-Assad e prossegue com os raides aéreos sobre alvos estratégicos do Estado Islâmico, na Síria e no Iraque.
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