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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Rússia registrou a primeira vacina contra Covid-19

Ana Prestes, São Paulo
Ana Prestes, São Paulo
Socióloga. Cientista política. Mestre e doutora em Ciência Política (UFMG). Atualmente está em fase de pesquisa de pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros (USP) e de doutorado no programa de pós-graduação em História na UnB. É analista internacional. Professora voluntária do Decanato de Extensão da UnB. Trabalha na Câmara dos Deputados e é pesquisadora da história da participação política das mulheres no Brasil.

O anúncio feito por Vladimir Putin de que a Rússia registrou a primeira vacina contra Covid-19 é o principal destaque da análise internacional de Ana Prestes. Outros temas são o impasse que vai se formando em torno da eleição do novo presidente do BID, o enorme vazamento de óleo nas Ilhas Maurício, o anúncio da candidata a vice de Joe Biden e a ameaça de Trump de tomar medidas tarifárias que podem prejudicar o Brasil.

Rússia registrou a primeira vacina

A vacina russa de imunização humana contra o novo coronavírus foi registrada. Ela é produzida pelo Instituto Gamelaya em colaboração com o Ministério da Defesa da Rússia. O presidente Putin disse essa manhã (11) em coletiva de imprensa com outros ministros: “pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada”. O presidente ainda acrescentou que sua filha já havia tomado a vacina. O ministro da saúde russo, Mikhail Murashko disse que foi provado que a vacina “possui grande efetividade e segurança”. O plano é iniciar a vacinação em massa da população russa em outubro. A vacina russa não aparece na lista de vacinas relacionadas pela OMS que já teriam atingido a fase três de testes clínicos. Na imprensa internacional já surgem críticas de que os testes podem não ter sido suficientes ou ocorrido em um período de tempo curto demais (2 meses). No entanto, os russos não parecem se abalar com as críticas e estão focados em vacinar sua população. Aliás, a medicina russa é conhecida por sua autossuficiência e proteção de uma população que já enfrentou inúmeras ameaças de vida ao longo de sua história.

 

O governo do Líbano renunciou

Ontem comentei aqui no De Olho no Mundo sobre os fortes protestos da população libanesa em Beirute no final de semana e a renúncia de pelo menos três ministros e vários parlamentares. Hoje a notícia é de que o governo renunciou por inteiro. Na noite da segunda-feira (10), o primeiro ministro Hassan Diab se dirigiu ao país e anunciou sua renúncia e de todo seu gabinete. Em um discurso visivelmente emocionado, Diab disse que o Líbano vive em um “ambiente de corrupção maior que o Estado”. Do lado de fora de onde o premiê discursava, manifestantes e polícia se enfrentavam, com muita repressão contra os que realizavam os protestos. Hassan Diab estava no poder desde dezembro do ano passado, quando massivas manifestações derrubaram o governo anterior de Saad al-Hariri, filho de Rafic Hariri, morto em um atentado em 2005. Matéria da Reuters diz que o governo foi alertado em julho de que as 2750 toneladas de nitrato de amônio guardadas no porto de Beirute poderiam destruir a capital caso fossem explodidas. Uma carta teria sido enviada ao presidente Michel Aoun e ao premiê Hassan Diab no dia 20 de julho. A carta seria de um comitê de investigação formado pelo próprio governo em janeiro passado.

 

Tragédia ambiental nas Ilhas Maurício

Uma tragédia ambiental está ocorrendo nas Ilhas Maurício. Um navio da empresa japonesa Mitsui OSK Lines encalhou na costa sudeste do país no último dia 25 de julho e está provocando um vazamento de óleo. O vazamento começou no dia 4 de agosto, semana passada e já derramou cerca de 1000 toneladas de óleo. Outras 500 toneladas foram retiradas do navio, mas ainda há 2500 toneladas dentro da embarcação. O vazamento atingiu as principais praias do país que é banhado pelo Oceano Índico e reconhecido como um verdadeiro paraíso em termos de diversidade biológica, ecologia marinha e preservação ambiental. Suas águas transparentes atraem visitantes de todo o mundo. Ambientalistas já falam que pode levar cerca de dez anos para que o ecossistema marinho no local volte a ser próximo do que era até semana passada.

 

Sucessão da direção do BID

Segue o debate sobre a sucessão da direção do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Argentina, México, Chile e Costa Rica pedem adiamento das eleições para março de 2021. Hoje as eleições estão previstas para 12 e 13 de setembro. O adiamento também é defendido publicamente pela União Europeia, como já relatei aqui no De Olho no Mundo. Pelo menos 16 países europeus são sócios contribuintes do BID. Europeus, argentinos, mexicanos e chilenos juntos completam 32% dos votos. São necessários 25% de abstenção para adiamento da escolha. Lembro aqui que pela primeira vez em 60 anos de banco, os EUA indicaram um norte-americano de origem cubana, Clever-Carone, membro do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, para ocupar a presidência. A princípio o Brasil tinha candidato, o banqueiro Rodrigo Xavier, mas tão logo os EUA anunciaram a sua candidatura, o Brasil abandonou o projeto e se juntou aos norte-americanos. (com infos de O Globo).

 

Kamala Harris

O candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, deve anunciar ainda esta semana quem será sua companheira de chapa e candidata à vice-presidente do país. Algumas das candidatas mais promissoras, segundo o NYT, são: a senadora pela Califórnia, Kamala Harris; a ex-conselheira de segurança nacional, Susan Rice; a senadora por Massachusetts, Elizabeth Warren e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer. Biden tem liderado as pesquisas para a corrida presidencial nos EUA nas últimas semanas, mantendo uma margem média de 10% à frente de Trump. Um dado tem incomodado Trump, o fato de que os EUA podem chegar em novembro, mês das eleições, com 230 mil mortos pelo coronavírus. Pela característica das eleições norte-americanas, no entanto, não basta ser popular antes das eleições, mas ser popular nos Estados certos, Hillary que o diga. São em geral os Estados mais populares e conhecidos como os battleground states, como o Colorado, a Flórida, Iowa, Michigan, Minnesota, Nevada, New Hampshire, North Carolina, Ohio, Pennsylvania, Virginia e Wisconsin.

Por falar em Trump e nos EUA, o presidente americano anunciou ontem (10), em coletiva na Casa Branca, que poderá tomar medidas tarifárias em relação ao Brasil para proteger o etanol norte-americano. Questionado por um jornalista sobre a pressão que estaria fazendo para que o Brasil elimine as tarifas sobre a importação do etanol americano, Trump disse que “em algum momento o tema terá que ser discutido”, pois “não queremos pessoas nos tarifando”. O Brasil importa até 750 milhões de litros de etanol dos EUA sem tarifa, tudo que é comprado acima dessa quantidade recebe um imposto de 20%. Os americanos querem tarifa zero.

 

Temer, liderando missão brasileira

O ex-presidente Temer recebeu autorização da justiça brasileira para ir ao Líbano liderando uma missão brasileira de ajuda humanitária pós-explosões no porto de Beirute. Ele é réu em duas condenações penais. A proximidade entre Bolsonaro e Temer é vista no mundo político como uma tentativa de manter o MDB por perto, cortejando um de seus maiores caciques, o golpista Michel Temer.

 

Svetlana Tikhanovskaya

Ontem falei aqui no De Olho no Mundo das eleições do final de semana em Belarus que reelegeram o atual presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos. A candidata opositora, Svetlana Tikhanovskaya, cuja campanha arregimentou multidões, se refugiou ontem na Lituânia, país vizinho. Segundo ela, o fez pela proteção dos filhos. Ela havia permanecido boa parte da segunda-feira presa na Comissão Eleitoral, após se apresentar para denunciar supostas fraudes nas eleições. Lukashenko acusa os opositores de “ovelhas teleguiadas” por Londres, Varsóvia e Praga. A Polônia pediu uma reunião da União Europeia sobre as eleições. Presidentes Putin e Xi Jinping já reconheceram a eleição de Lukashenko e o parabenizaram.

 

Afeganistão. Libertação de prisioneiros

No Afeganistão, onde ocorre o mais longo conflito militar com envolvimento dos EUA, ao todo 18 anos, houve acordo no domingo (9) pela libertação de 400 prisioneiros membros do Taleban. Lembremos que em fevereiro deste ano de 2020 os EUA e o grupo Taleban assinaram em Doha, no Catar, um acordo de pacificação do país. No acordo os EUA se comprometem a retirar suas tropas do país em até 14 meses. Ocorre que o acordo não foi para frente pois nem o governo do Afeganistão e nem os talebans soltaram os presos de parte a parte. O presidente afegão, Ashraf Ghani, mesmo em meio a uma pandemia, convocou 3200 líderes comunitários e políticos do país a irem a Cabul na semana passada para se aconselhar sobre o aceite ou não da libertação dos prisioneiros. A promessa é de libertar até 5000 talebans. Como contrapartida pede-se um cessar fogo.


por Ana Prestes, Cientista social. Mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG   |    Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

 

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