Foste o arco de valdevez que o sonho não desfez! Sabes, em linhas tortas nasce o infinito que ainda assim ilumina a tua voz. Sabes como ela é forte. A tua voz.
Recuo nas memórias e avança nas sentenças como presságios, sinto ainda aqueles dias que há anos o teu desejo de utilidade como pleonasmo foi útil, não pelas mãos, mas por ti.
“sabes Mila”
E como sei que sabes senão nada diria. E agora não digo. Ajo. E como posso neste mar tão ofuscado pelos cem mil anos que me separam de ti ser um pouco mais para te abraçar e ainda a foto, aqui, nesta memória que nunca se cansa de louvar os abraços que tantas vezes, tantas mesmo!, recebi de ti.
O corpo é tão simplesmente um instante e a gente nem que chovam torpedos o dispensa, e esse, tens, garanto, porque a tua cabeça é mais forte que qualquer heresia dos mais eruditos de todas as ciências e letras e vontades, mais que todos os restos que nos nunca sobram, vivem, isso sim, dentro de nós sempre.
“sabes Mila”
E como sei que sabes. Não vou chorar. Não me vais conseguir dar essa dor, garanto-te, o teu sorriso é ainda o eterno encanto nas escritas que descrevo como diáfises disfarçadas mesmo por debaixo de lágrimas porque a alegria vai reinar a nossa casa, o nosso peito, o nosso sorriso e aquele almoço quando regressei daqueles de imensa dor,
“só nós dois sabemos mana!”
Aquele macinho de cigarros e a tacinha de arroz doce só para mim naquele jardim só meu, sim, onde conseguia ver que o amor existe. Ensinaste-me a aprender que o amor existe, acredita, agora é a minha vez de o fazer:
“a vida vai continuar porque o amor é grande!”
“foste o arco de valdevez que o sonho não desfez!”
Sinto essa dor que é a nossa carne, mas terás, sei, a força suficiente que me ensinaste um dia a ter, acredita!
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