O México ainda não formalizou a interrupção das negociações do acordo bilateral mas há sinais de que, em consequência da indelicadeza brasileira, poderá desistir das negociações.
Brasil e México vinham negociando, desde outubro, um acordo de livre comércio que poderia zerar as tarifas de importação para 205 produtos brasileiros. Entre eles, máquinas e equipamentos, produtos químicos e metalúrgicos, borracha e alimentos, entre outros. A indústria nacional, que anda mal das pernas, tinha e tem grande interesse neste acordo que poderia alavancar exportações nacionais. Agora, este acordo pode ser comprometido pela decisão brasileira de deixar a Celac, comunidade latino-americana e caribenha que reúne 33 países, justamente na hora em que o México assume a presidência rotativa do grupo e sedia sua reunião.
Durante duas semanas, representantes do governo do presidente mexicano Lopes Obrador tentou obter do Itamaraty a confirmação da participação brasileira na reunião de fevereiro e a indicação dos representantes. Finalmente, depois de muitas evasivas, o Brasil informou que deixará de participar do grupo, o que deixou bastante contrariado o governo de Obrador, que tomou a medida também como descortesia bilateral.
Alega o Itamaraty que o grupo não tem um programa e um potencial relevantes para o Brasil, embora se saiba que o fato de Cuba, Nicarágua e Venezuela nele terem assento foi determinante. Bolsonaro e o chanceler Araújo, como é sabido, não gostam dos governos de esquerda destes países e, no caso da Venezuela, reconhecem Juan Guaidó e não Nicolás Maduro como presidente.
O México ainda não formalizou a interrupção das negociações do acordo bilateral mas há sinais de que, em consequência da indelicadeza brasileira, poderá desistir das negociações. O que será uma perda para a indústria nacional, por conta da política externa ideológica de Bolsonaro-Araújo e do alinhamento servil aos Estados Unidos, que por não participarem da Celac, também são refratários ao grupo.
Texto original em português do Brasil
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