Em uma sociedade competitiva, compete-se também por saúde e educação, a tese liberal do “não há almoço grátis”.
Esta abordagem em saúde sustentável é importante para avaliar se os sistemas de informação e prevenção em saúde individual e coletiva, bem como a estrutura da assistência médica e cuidados gerais, estão comprometidos com a geração de saúde, isto é, se são salutogênicos.
Educação e Saúde são temas prioritários na formação de uma sociedade sustentável, uma contraprestação básica dos Estados.
Como direitos humanos universais, aparecem grafados em várias constituições federais, mas sua aplicação prática, tanto em sociedades liberais quanto em sociais democracias, está cada vez mais comprometida, por vários motivos.
Na prática, a saúde é elitizada – cerca de 25% dos brasileiros têm condições de pagar por planos de saúde particulares –, a saúde pública tratada como custo dispensável em conjunturas econômicas desfavoráveis, relegada a segundo plano.
Em uma sociedade competitiva, compete-se também por saúde e educação, a tese liberal do “não há almoço grátis”. O outro lado da questão é que, acompanhando-se o orçamento público federal brasileiro, nota-se claramente um comprometimento dos gastos públicos com a burocracia governamental e com os juros e amortizações da dívida. Esse endividamento – segundo a campanha Auditoria Cidadã da Dívida, se trata em grande parte de dívidas não auditadas – compromete metade do orçamento a cada ano fiscal.
Paradigmas em saúde e doença
A perspectiva da saúde sustentável reposiciona o indivíduo no centro. Saúde é biopsicossocial, nos termos da Organização Mundial de Saúde, e é uma resultante do estilo de vida e das predisposições de cada um. Doenças não são fatalidades como se pensava no passado.
Desativação de genes
Após o Mapeamento do Genoma Humano (2003), os cientistas pensaram que 90% dos genes que não tinham funcionalidade identificada eram excrecências evolutivas. Foram chamados de “trash DNA”. Com os avanços das pesquisas, verificou-se que na verdade, havia um conjunto de genes cuja função era “ligar” ou “desligar” outros genes. A Epigenética é o ramo da Biologia que estuda as ativações e desativações genéticas com implicações hereditárias. A natureza humana era mais sábia e mais complexa do que se supunha.
Além disso, a bioquímica do organismo sofre a influência do estilo de vida e das percepções sobre o ambiente extracelular, que podem ser favoráveis, relaxantes, ou desfavoráveis, estressantes. Um padrão ambiental percebido como “negativo”, uma alimentação com efeito acidificante, uma toxina na água, uma exposição à poluição, são todos ameaças. Uma experiência de forte estresse vai chegar às células na forma de cortisol, que é o hormônio de resposta ao estresse. O cortisol não estaria presente em caso de a percepção ser positiva. A rota de metabolização varia de acordo com as substâncias e elementos circulantes no corpo, gerando uma resposta saudável ou disfuncional.
Enfoque na promoção de saúde
Sistemas de saúde disfuncionais ou insustentáveis – colocam a medicina e os fármacos ao centro. A escuta do paciente é voltada para o sintoma e a aplicação farmacológica. É uma ênfase na doença, na hiper-especialização e no tratamento das patologias complexas, uma visão de medicina como curativa. Anos de desinformação e negligência por parte dos pacientes, com a má alimentação até os maus hábitos, o emocional e o energético comprometidos, há uma predisposição à instalação de patologias. Sem reverter as causas, sem mexer no estilo de vida, o paciente se torna cativo, todo o processo de cura torna-se muito caro, e a medicina vira business. Apesar da onipresença dos antibióticos e das fórmulas químicas para todo tipo de dor, torna-se insustentável por não promover salutogênese.Sistemas funcionais ou sustentáveis – colocam o indivíduo ao centro. Isto implica sempre trabalhar com a organicidade dos sujeitos, fortalecendo o sistema imunológico para a resiliência, substâncias naturais para que o próprio organismo restabeleça o reequilíbrio sem ter de lidar com “químicos” desconhecidos, uma visão de medicina como preventiva e integral. O paciente é não apenas auscultado, mas esclarecido, é uma medicina voltada para a causa “oculta” e a reestruturação de hábitos para a remissão total. A medicina oriental é a referência porque considera essa organicidade, os estados emocionais e energéticos das pessoas, e atua de forma ampla e múltipla na recomposição.
Visões sobre Medicina, o processo de adoecer e a cura
Ainda que a medicina privada pretenda oferecer perspectiva para todos os tipos de problemas hiperespecializados e tratando de doenças em fases cada vez mais adiantadas, esta não será jamais a forma de popularizar e dar sustentabilidade à Medicina. As possibilidades de cura e tratamento têm de ser para todos e não somente para quem pode pagar.
O mais avançado – a solução sustentável – é fazer como na Medicina Integrativa, que identifica na Medicina Chinesa e Védica conhecimentos milenares, onde a prevenção é o foco, e as integra com as soluções ocidentais.
Antes de tudo, não adoecer é o foco. Por isso os tratamentos preliminares, não invasivos, energéticos e alternativos sempre foram o foco no Oriente. O fato de no Ocidente se confiar tanto no invasivo e no alopático, não se pode atribuir simplesmente à boa ou má medicina, mas a diferentes visões sobre doença, doentes e o processo de adoecer.
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Segunda parteTerceira parte
Medicina Preventiva: Água, alimentos e bons hábitos
A medicina moderna caminha orgulhosa para afirmar-se curativa e poderosa, quando deveria ser preventiva, não medicamentosa, inclusiva e de baixo custo, maximizando os benefícios à população. A maioria dos problemas poderiam se resolver simplesmente aprofundando a nutrição e o esclarecimento sobre o efeito do estilo de vida, das cargas emocionais e dos bons hábitos na saúde.
Medicina Preventiva: Cargas emocionais
Vale a pena abordar o efeito das cargas emocionais na saúde. Segundo a neurologista irlandesa Suzanne O’Sullivan, vencedora do prêmio literário britânico Wellcome Book Prize pela autoria do livro “It’s All in Your Head: True Stories of Imaginary Illness” (2015), há vários casos de pacientes apresentando quadros físicos problemáticos, mas que após exames, constata-se a matriz emocional geradora da “doença” – somatizações de causas psicossomáticas.
O autor escreve em português do Brasil