Em setembro, houve queda de 0,4% na produção industrial em relação a agosto. É o quarto resultado negativo seguido, período no qual acumula perda de 2,6%.
A desindustrialização da economia brasileira se agravou com o bolsonarismo e pandemia de Covid-19. Embora a crise sanitária venha refluindo nos últimos meses, a indústria nacional continua a encolher, conforme André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nesta quinta-feira (4), o IBGE divulgou os resultados industriais referentes a setembro, com queda de 0,4% em relação a agosto. É o quarto resultado negativo seguido, período no qual acumula perda de 2,6%. Sem apoio do governo Jair Bolsonaro, a indústria afunda em 2021.
“O setor industrial vem claramente em trajetória descendente negativa. Na medida que vai colocando quedas em cima de quedas, o patamar vai diminuindo”, diz Macedo. “A situação em patamar de produção é pior do que a de agosto. Isso fica muito evidente quando coloca a questão em termos de patamar pré-pandemia. Estamos 3,2% abaixo daquele período”, agrega o gerente do IBGE, lembrando que a indústria chegou a operar 3,5% acima do patamar pré-pandemia, em janeiro de 2021.
Porém, dos nove meses de 2021, a indústria teve queda em sete deles, considerando a série com ajuste sazonal (frente ao mês anterior). As únicas exceções foram os meses de janeiro (0,2%) e maio (1,2%). Com a queda de 0,4% em setembro, há uma sequência de quatro taxas negativas, de -0,5% em junho, -1,2% em julho e -0,7% em agosto.
A pandemia afeta o setor, segundo Macedo, “com a desorganização da cadeia produtiva, o encarecimento dos custos de produtos e a falta de insumos”. Mas também há fatores econômicos causados pela gestão Bolsonaro: “Temos um mercado de trabalho longe de recuperação consistente, a renda não avança e inflação afetando o consumo das famílias. Isso reforça o comportamento negativo do comportamento da indústria, mesmo com queda na margem menos intensa que em meses anteriores”, analisa Macedo.
Das quatro grandes categorias do setor industrial pesquisadas pelo IBGE, três estão abaixo do patamar pré-pandemia, segundo os resultados da PIM-PF. Na média da indústria, o nível de setembro de 2021 está 3,2% abaixo de fevereiro de 2020.
O patamar de produção de bens duráveis está 21,8% abaixo de fevereiro de 2020. Também está no campo negativo o patamar de bens semi e não duráveis, 6% abaixo de fevereiro de 2020. No caso de bens intermediários, a distância é inferior e o nível de produção de setembro de 2021 está 0,1% abaixo de fevereiro de 2020.
Entre os 26 ramos pesquisados, a grande maioria (17) mostra patamar de produção inferior ao de antes do início da crise sanitária no país. “Claramente se vê um predomínio de atividades que não suplantaram o patamar pré-pandemia”, afirma Macedo.
Após 11 meses de expansão na série anual – que compara o desempenho frente a igual mês do ano anterior –, a indústria brasileira teve a segunda taxa negativa seguida em setembro, segundo a PIM-PF. A queda foi de 3,9%, que se segue a um recuo de 0,7% em setembro.
O resultado de setembro foi também a maior redução na série histórica da pesquisa desde junho de 2020, quando tinha sido de -8,7%. Na avaliação de Macedo, o resultado reflete a base de comparação elevada e a perda do dinamismo da indústria observado ao longo de 2021.
“A taxa de -3,9% é a queda mais intensa desde junho do ano passado, quando a indústria começava a reagir depois do início da pandemia”, afirma. “Há uma perda de ritmo da produção industrial em 2021 e, para além disso, tem uma base de comparação mais elevada. Setembro tinha sido a primeira taxa positiva da indústria em 2020.”
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado