Sempre que procuro o amor, me é apresentando de forma contrária. No princípio a sintonia, cumplicidade e dependência emocional, confundem-se com a reciprocidade do sentimento, e o materialismo se sobrepõe ao lógico. O perdão é corrompido por multicoloridos bouquets, adoçados chocolates e presentes caros…
As palavras morrem no cálculo, a razão se converte ao materialismo e à permissão. Nas feridas curadas com promessas cifradas, gangrena a ganância.
O comodismo se faz crónico. Não é interesse, é hábito que se transforma em lei adubada pela corrupção. (A vida é um jogo de interesses, morais, físicos e materiais)
O amor próprio é estrangulado pelo colar de diamantes, submetendo a relação às facturas. E com dor vejo o amor a esvaiar-se na culpa de quem vendeu o não e o basta. Milhares de orgasmos subsidiados pela vontade imposta.
Falando em facturas… Num país onde germinam impostos, a mesma velocidade que o desemprego.
O povo sucumbe asfixiado pelos preços que sobem diariamente sem aviso prévio nem direito a reclamação… Quem pode, quem pode… quem não pode se coça.
E no outro lado, a seca espelha a falta de políticas de intervenção e manutenção, ruminando a esperança nos bolsos de quem quer e não pode.
Entre Impostos de consumos, IRT, IVA, IPU, INSS, subcargas eléctricas, comunicação e comparticipações escolares… O mísero salário grita pela liberdade, num país onde se morre até para obter a identidade…
Carências, necessidades e vícios são reflectidas no comportamento social do homem, que se torna irracional justificando seus bárbaros actos na escassez do básico. E os crimes passionais invadem a sociedade vestida de tradições e honras. Um Deus nos acuda ecoa nos louvores e petições de quem se converte ao fanatismo em busca da imunidade e prosperidade. Acabando por ser trucidado pelas correntes cobradas a preço que dizimam a santidade de quem crê.
Agora só com IVA meu bem
Sem IVA não vai!
A autora escreve em PT Angola