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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Senado francês aprova Reforma da Previdência em meio a protestos

Sindicatos franceses pedem mais um dia de greves e protestos em todo o país, já que a votação no Senado aproxima o plano de aposentadoria de se tornar lei.

O Senado francês aprovou o impopular plano de reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron, enquanto centenas de milhares de manifestantes se reuniram em cidades de todo o país para se opor às mudanças. Apesar da redução dos protestos no sábado, o movimento continua tendo o apoio da população.

Os senadores votaram no final do sábado para adotar as reformas por 195 votos a 112, aproximando o pacote – cuja principal medida é aumentar a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos – de se tornar lei. Agora que o Senado adotou o projeto de lei, ele será revisado por um comitê conjunto de legisladores das câmaras baixa e alta, provavelmente na quarta-feira.

Em comunicado conjunto, os sindicatos franceses, mantendo uma rara demonstração de unidade desde que o movimento de protesto foi lançado no final de janeiro, pediram ao governo que organize uma “consulta aos cidadãos” o mais rápido possível. Os sindicatos disseram que planejam manter a pressão com um dia adicional de greves e protestos nacionais planejados para quarta-feira (15).

“Depois de centenas de horas de discussões, o Senado aprovou o plano de reforma da Previdência. É um passo fundamental para fazer acontecer uma reforma que garanta o futuro do nosso sistema previdenciário”, escreveu a primeira-ministra Elisabeth Borne no Twitter.

Ela acrescentou que está “totalmente empenhada em garantir que o texto seja definitivamente adotado nos próximos dias”.

Se o comitê concordar com um texto, uma votação final em ambas as câmaras provavelmente ocorrerá na quinta-feira. Mas o resultado disso ainda parece incerto na Câmara dos Deputados, a Assembleia Nacional, onde o partido de Macron precisa dos votos dos aliados para obter a maioria.

Se o governo temer não ter votos suficientes na Câmara dos Deputados, ainda é possível aprovar o texto sem uma votação parlamentar por meio de uma ferramenta constitucional raramente usada e altamente controversa, conhecida como artigo 49:3.

Os sindicatos, que se opuseram ferozmente às medidas, ainda esperavam no sábado forçar Macron a recuar, depois de gigantescas manifestações contínuas nas ruas, além de paralisações dos setores econômicos mais importantes do país.

Segundo dados do Ministério do Interior, 368.000 manifestantes marcharam por várias cidades no sábado, o que foi interpretado pelo governo como uma exaustão dos franceses com os protestos, especialmente depois da primeira rodada de votações vitoriosas no Senado. As autoridades esperavam que até um milhão de pessoas participassem depois que um recorde de 1,28 milhão de pessoas se reuniram nas ruas no início da semana.

As tensões aumentaram na noite de sábado, com a polícia de Paris dizendo ter feito 32 prisões depois que alguns manifestantes jogaram objetos contra as forças de segurança, com latas de lixo queimadas e janelas quebradas.

“Esta é a reta final”, disse Marylise Leon, vice-líder do sindicato CFDT, à emissora Franceinfo. “Muitas coisas ainda podem acontecer na próxima semana”, disse ela. “O texto vai ser votado na Assembleia Nacional? Temos que nos reunir. É agora ou nunca.”

Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos eleitores se opõe ao plano de Macron, enquanto uma pequena maioria apóia as greves. A maioria das pessoas, no entanto, disse acreditar que o presidente acabaria conseguindo a aprovação da reforma.

O governo insiste que o plano de reforma é essencial para garantir que o sistema previdenciário francês não fique sem dinheiro, mas muitos veem as mudanças, como o aumento da idade de aposentadoria, como injustas para as pessoas que começaram a trabalhar jovens.

As reformas também aumentariam o número de anos que as pessoas têm para fazer contribuições para receber uma pensão completa. Os manifestantes dizem que as mulheres, especialmente as mães, também estão em desvantagem com as novas reformas. Muitas param de trabalhar (e contribuir) quando têm filhos pequenos.

Greves contínuas

Os protestos e greves contínuas afetaram vários setores da economia francesa, incluindo transporte ferroviário e aéreo, usinas elétricas, terminais de gás natural e coleta de lixo.

Um porta-voz da TotalEnergies disse que as greves continuam nas refinarias e depósitos franceses da produtora de petróleo, enquanto a operadora ferroviária pública SNCF disse que os serviços nacionais e regionais continuarão fortemente interrompidos no fim de semana.

Em Paris, o lixo continua se acumulando nas ruas, com os moradores vendo uma presença crescente de ratos, segundo a mídia local.

A produção nacional de energia na França foi reduzida em 7,1 gigawatts, ou 14 por cento, em usinas nucleares, térmicas e hidrelétricas no sábado devido às greves, disse um porta-voz do sindicato CGT.

A manutenção também foi bloqueada em seis reatores nucleares franceses, incluindo Penly 1, disse o porta-voz.

Apesar dos protestos e greves, Macron esta semana recusou duas vezes pedidos urgentes de sindicatos para se encontrar com ele em uma última tentativa de fazê-lo mudar de ideia.

A reprovação deixou os sindicatos “muito irritados”, disse Philippe Martinez, chefe do sindicato de esquerda CGT.

“Quando há milhões de pessoas nas ruas, quando há greves e tudo o que recebemos do outro lado é o silêncio, as pessoas se perguntam: o que mais precisamos fazer para sermos ouvidos?” disse ele, pedindo um referendo sobre a reforma das pensões.


por Cezar Xavier | Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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