Poema inédito de Alice Coelho
Sentada
Olhos a escorrer seiva pela face
Embaciados pela tentação de ter
Rosto sulcado pelas rugas da vida
Suspiros trazidos pela ira do vento
E gritos de raiva infiltrados no tempo
Chuvas encharcadas pelas paixões
Entre voos de pássaros e borboletas
Esguichos de momentos e emoções
Sentada
Olho-te de soslaio na corrente do rio
Levando as loucuras e as lembranças
De uma voz agasalhada em peito frio
De mãos quentes, sentidas e cansadas
Impressas no corpo em reflexos de luz
Em magia e feitiços entre encruzilhadas
Sentada
Apago as memórias vadias e vagabundas
Arredo as estradas e contorno as rotundas