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João de Sousa

Segunda-feira, Novembro 4, 2024

Sento-me

Poema inédito de Alice Coelho

Sento-me

Olho uma janela que se fecha
Vejo a lua a chegar sorrateira
Entra a luz por cada brecha
Que me ilumina a noite inteira
Sento-me
Debruçada num doce acordar
Pelas escadas velhas a rugir
Em parapeitos por te inventar
E as palavras dançam a sorrir
Sento-me
No olhar que te guardo em mim
No mar que te deixei a escutar
No areal com principio sem fim
No som dos búzios a murmurar
Sento-me
Em pensamentos feitos de vento
Nos poemas escritos por gestos
Nas nuvens que foram momento.
Em palavras caladas sem protesto.

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