Poema inédito de Alice Coelho
Sento-me
Olho uma janela que se fecha
Vejo a lua a chegar sorrateira
Entra a luz por cada brecha
Que me ilumina a noite inteira
Sento-me
Debruçada num doce acordar
Pelas escadas velhas a rugir
Em parapeitos por te inventar
E as palavras dançam a sorrir
Sento-me
No olhar que te guardo em mim
No mar que te deixei a escutar
No areal com principio sem fim
No som dos búzios a murmurar
Sento-me
Em pensamentos feitos de vento
Nos poemas escritos por gestos
Nas nuvens que foram momento.
Em palavras caladas sem protesto.