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João de Sousa

Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Será a amnésia digital a doença mental do séc. XXI?

digital-amnesia-FB_Não se dão conta que a memória já não está como antigamente? Pois eu dou. Muitas vezes tenho aquele nome debaixo da língua ou aquela palavra que me comporia o parágrafo que teimam em não surgir e penso… estou velho. Mas afinal, pode ser outra coisa e a minha vida sofre desse pesadelo digital: desde que acordo até que me deito, olho para ecrãs de vários tamanhos e feitios. Será que este esforço extraordinário de ter de assimilar mega informação está, pura e simplesmente, a rebentar com a minha memória?

Um recente estudo dos laboratórios Kaspersky trouxe a lume algumas conclusões:

Num mundo cada vez mais online, onde o tempo médio de atenção dado a um assunto a está reduzido a uns meros oito segundos, a nossa inclinação para esquecer factos que podemos voltar a obter facilmente da Internet, num fenómeno conhecido por Amnésia Digital, cresce de forma desmesurada, graças à necessidade de conseguir o que queremos numa questão de milissegundos.

De acordo com as conclusões do estudo, 79,5% dos europeus admitem que usam a Internet como uma extensão do seu cérebro. Embora 57% tratem de obter a resposta por si mesmos, 36% recorre directamente à Internet (40% em maiores de 45 anos) sem puxar pela cabeça. Estes consumidores são avessos a investir tempo a puxar pela memória e chegam mesmo a duvidar dessas recordações.

Será a impaciência a grande responsável pela Amnésia Digital?

Além disso, um quarto (24%) dos inquiridos admite que esquece a resposta obtida online assim que utiliza a informação procurada, sendo esta percentagem ainda superior (27%) nos maiores de 45 anos.

Esta crescente dependência da internet como fonte de informação pode reflectir impaciência ou a necessidade de velocidade num mundo em rápida mutação: 61% dos europeus inquiridos dizem que precisam de respostas rapidamente e simplesmente não têm o tempo para bibliotecas ou livros. Esta percentagem sobe para 70% na franja dos 16 aos 24 anos de idade.

O nosso cérebro reforça a capacidade de memória de cada vez que fazemos o exercício de recordar algo e, ao mesmo tempo, esquece os dados e factos irrelevantes que nos distraem. Algumas investigações anteriores demonstravam que recordar activamente informação é uma forma muito eficaz de criar uma memória permanente. Pelo contrário, repetir passivamente a informação (por exemplo, procurando-a repetidas vezes na Internet) não contribui para criar uma memória sólida. Sobre a base desta investigação, pode-se argumentar que a tendência para procurar informação antes de sequer tentar recordá-la faz com que diminua a nossa capacidade de memorização a longo prazo.

Impaciência leva a insegurança

Segundo o estudo da Kaspersky Lab, cerca de um quinto dos utilizadores europeus dá prioridade à velocidade de acesso à informação em detrimento das medidas de protecção na obtenção dos dados. Este impulso, cujo objectivo é conseguir a informação da forma mais rápida possível, combinado com a incapacidade de a voltar a recordar, tem consequências para a nossa memória a longo prazo e, como é evidente, para a segurança dos dispositivos dos quais dependemos. Segundo o estudo, os smartphones e os portáteis estão particularmente pouco protegidos por toda a Europa, com maior predominância nos utilizadores do sexo feminino, menos atentos à protecção dos seus dispositivos. Apenas um em cada três utilizadores europeus (34.5%) instala segurança extra, como software anti-malware, nos seus smartphones e apenas um quarto (23.4%) protege os seus tablets. Um em cada cinco (20.9%) não tem qualquer protecção adicional instalada nos seus dispositivos.

Com efeito, a segurança TI pode ser uma das primeiras vítimas da nossa impaciência em aceder à informação. A Amnésia Digital demonstra que já não acumulamos a informação nas nossas mentes porque podemos guardar e recuperar qualquer dado de um dispositivo digital ou da Internet.

“Esta impaciência no acesso aos dados e à informação coloca os consumidores em risco, já que tendem a tomar atalhos que não são tão seguros como deviam. A segurança e a velocidade não têm que ser mutuamente excluíveis. As soluções de segurança permitem proteger eficazmente o que mais importa, deixando aos utilizadores a liberdade de usufruírem de toda a informação da Internet, de melhorarem as suas recordações pessoais e de estimularem a curiosidade e a descoberta”, sublinha Alfonso Ramírez, diretor geral da Kaspersky Lab Iberia.

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