A quarta geração dá-nos um novo Megane com uma frente empolgante, cheia de estilo, muito desportiva, que nos convida a seguir o perfil com ângulos bem vincados, para terminar numa traseira estrondosa, que mete respeito a quem a persegue.
E tudo melhora ao lusco fusco quando os faróis LED (com efeito 3D na frente) reafirmam o carácter original deste novo modelo. É pura e simplesmente fascinante, adjectivo que geralmente guardo para os Alfa ou outros distintos semelhantes em traço.
Lá dentro, outra surpresa: um tablier muito moderno, talvez até demais para muitos condutores, onde a palavra “digital” tem a sua máxima expressão neste segmento.
É um carro que convida à personalização visual e ambiental, pois de cada vez que alteramos o “conceito”, as luzes de presença interiores acompanham o gesto / gosto / estado mental ou sensorial (cinco modos: verde económico, azul confortável, amarelo neutro, vermelho desportivo e violeta personalizado).
Mas acima de tudo, é um imenso ecrã táctil de 8,7″ que nos convida à escolha de inúmeros parâmetros do sistema RLink2 e que se calhar até serve para ler o jornal enquanto estamos na fila.
Depois do empolamento inicial, o qual leram acima, há que dizer que este Megane é um belo automóvel, confortável, dinâmico, mas que também tem alguns pontos contra: tratando-se de uma nova plataforma, o espaço poderia ser maior (o Nissan Pulsar continua uma referência inultrapassável neste capítulo) e as bacquets tipo competição montadas nos lugares dianteiros, complicam a entrada e saída de quem se senta ao volante.
A visibilidade traseira é quase nula devido a um óculo muito pequeno e, num carro tão hightech, dei por falta de uma câmara de vídeo que ajudasse às manobras de estacionamento numa cidade cada vez mais complicada, como é Lisboa, e que seria o perfeito reforço para os alarmes sonoros (em que podemos escolher o som).
O Megane também me pareceu muito largo, o que lhe garante um comportamento em estrada muito eficaz, mas que complica as manobras urbanas, principalmente em acessos como o estacionamento no Corte Inglês. Outro ponto negativo, é o acesso à bagageira, demasiado alto e que obriga à ginástica e algum músculo. Esta tem 384 litros ampliados aos 1247 litros com o rebatimento dos bancos traseiros na proporção 40/60.
Mas o conforto é pleno. E existem várias razões para que o vivamos: belos bancos com apoio lateral extraordinário, excelentes materiais e acabamentos (ao nível das referências que todos os anos vencem os prémios em Portugal), uma montagem digna de registo, mesmo em zonas que incorporam equipamentos complexos, como a zona do HUD (head up display), um ecrã com uma qualidade acima da média e os equipamentos que todos desejamos num automóvel (mas que geralmente só encontramos nos segmentos superiores): AC automático bizona com comando sensível ao toque na consola central, o que não me seduziu, pelo contrário, RLink2 com bluetooth, ligação à net e Apps, sistema Multi-Sense com personalização da cor e design dos manómetros e da luzes ambiente nas portas, HUD informativo q.b. (aproximação colorida do veículo à frente, navegação, controlo de velocidade, velocímetro, entre outras notas), vidros escurecidos, espelhos em cor diferente, puxadores das portas que juntam a cor da carroçaria ao cromado de base (um efeito muito elegante), chave verdadeiramente inteligente, e um sistema start/stop muito eficaz ajudado pelo hill assist para aparcamentos em calçadas.
A condução tem inúmeras ajudas e, mais uma vez, sentimo-nos aos comandos de um carro de segmento acima. A lista é extensa, mas há que mencionar o regulador de velocidade adaptativo (ACC) que nos “guia sozinho” o automóvel, mantendo, baixando ou aumentando a velocidade de acordo com o veículo que o precede, travagem activa para as emergências, o já normal som de aviso quando mudamos de faixa, aviso luminoso de ângulo morto, reconhecimento dos sinais de trânsito, o que é replicado no visor HUD e muitos et cetera.
Ao volante é como percebemos que este conjunto funciona e é uma excelente proposta. O bloco 1.6 tem aquele sumo dos 130 cv que surgem com um binário máximo de 320 Nm disponível às 1750rpm, ou seja, não precisamos de muito para ele acordar para a vida e mostrar que está ali para as curvas. Com chuva ou sem ela, como me foi dado a entender durante o ensaio, ele pisa muito bem, demonstra grande equilíbrio e um grande à vontade, mesmo se formos obrigados a um constante ziguezague para evitar os buracos que surgem a cada temporal.
Se o Megane era um modelo racional com grande sucesso em frota, passa com esta nova geração a ser um modelo passional. O preço aumentou, mas percebe-se e aceita-se. Acima de tudo, deixou-me uma impressão tremendamente positiva e, posso mesmo afirmar, que passou a ser um veículo que não me importava nada de ter. Pelo contrário: linhas exuberantes, qualidade de construção que se nota e sente, tecnologia que me encanta e um equilíbrio quase imaculado em rodagem, fazem deste um sério concorrente ao trono.
PVP: 31.330€ (versão ensaiada)