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Domingo, Novembro 24, 2024

Sergio Moro reconheceu méritos nos governos Lula e Dilma

José Carlos Ruy, em São Paulo
José Carlos Ruy, em São Paulo
Jornalista e escritor.

A mídia conservadora indica também que vai continuar incensando Sérgio Moro como campeão da direita contra aquilo que chama de “velha política”

Ao carimbar como “forte” o discurso com que o ex-ministro Sérgio Moro comunicou, na sexta-feira (24), sua saída do ministério da Justiça e Segurança Pública e do governo, a mídia patronal mal disfarça sua decepção com o fim do rótulo “anticorrupção” que dava ao governo de direita do capitão-presidente.

A mídia conservadora indica também que vai continuar incensando Sérgio Moro como campeão da direita contra aquilo que chama de “velha política”.

Houve um comentarista que, na Rede Globo, chegou ao cúmulo da subserviência de apelidá-lo de “patrimônio nacional!”

Mas somente a mídia patronal, conservadora e de direita, se surpreendeu com os fatos relatados naquele discurso.

Os demais órgãos noticiosos, independentes e progressistas, só viram com estranheza, se isso chegou a ocorrer, a admissão pública pelo ex-homem forte do governo, da verdade de denúncias reiteradas pela imprensa independente, no esforço de unir uma ampla frente em defesa do Estado Democrático de Direito.

Dois pontos chamam a atenção no discurso de Sérgio Moro. Em primeiro lugar, a admissão pública da independência e liberdade que os órgãos de investigação tiveram nos governos Lula e Dilma Rousseff, quando a Polícia Federal e o Ministério Público, como reconhece implicitamente ao se referir à Lava Jato. Independência de ação reiteradamente lembrada na imprensa independente e democrática.

Sérgio Moro, cuja popularidade cresceu em função dessa liberdade de atuação – e pelo abuso dela – como amplamente se divulgou, reconheceu essa verdade que diferencia os governos populares, democráticos e progressistas deste do qual fez até recentemente foi o “superministro”.

Ele disse: “Na Lava Jato, eu sempre tive um receio constante de uma intervenção do Executivo na Polícia Federal, como troca de superintendente. Mas isso não aconteceu e foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que os resultados fossem avançados.”

O outro momento do discurso, que chama a atenção, está em seu final, na frase onde diz que “independentemente de onde eu esteja, sempre vou estar à disposição do país”. Isto é, claramente se lança a voos maiores, possivelmente a disputa à presidência da República na eleição marcada para 2022.

Hipótese que ajuda a entender o assanhamento da direita e dos conservadores, que com a saída do Ministério da Justiça de certa forma se descolam de um governo fortemente impopular e se habilitam a construir uma candidatura que consideram viável. Mas que, por outro lado, indicam que, neste momento, a direita está rachada – de um lado os apoiadores de Bolsonaro, de outro lado as eventuais “viúvas” de Sérgio Moro.

A ver. A conjuntura caminha de forma célere e muita água vai correr nestes cerca de 30 meses que separam o país da eleição de 2022.


Texto em português do Brasil



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