Uma madrugada qualquer de uma noite arco íris que acordou e me trouxe aqui para que vá por aí.
Vamos por aqui. Por este carreiro.
Um carreiro sinuoso por entre o mato rasteiro, as pedras soltas, as giestas, e o cantar das cotovias madrugada alta.
Vamos por aqui, em direção ao cume de onde se avista, até perder de vista, o horizonte sombrio do alvorecer.
Vamos por aqui. Em direção ao céu. Às nuvens. Ao infinito.
Ou vamos por ali aonde tudo é finito porque se acaba.
Um dia.
Uma madrugada qualquer de uma noite arco íris que acordou e me trouxe aqui para que vá por aí.
Não. Não vou por aí!
Não vou por aí porque esta dúvida que me assola da incerteza sobre “aonde vamos” paira.
Na mente.
Na angustia.
Na alegria.
Na incerteza de todas as certezas que são sempre incertas na origem e se tornam certas nos fins concretizados.
Ou, na incerteza que faz da certeza meio para ser fim.
Não, não vou por aí.
Sou como S. Tomé: “ver para crer”.
Ora, se não sei para “aonde vamos” como posso saber o que me espera?
Só vendo!
Porque vendo, acreditarei se o caminho que fizemos foi o mais correto. O mais justo.
Aquele que faz com que fiquemos de consciência tranquila e, com tranquilidade, nos recostaremos um no outro, no cume do monte, olhando o horizonte já limpo porque o Sol nasceu.
Nasceu a luz dos “olhos” da terra que ilumina a vida e faz com que o beijo seja sublime no toque e a respiração tão tranquila quão tranquila é a paz que nos rodeia neste local sem fim com fim anunciado.
O toque suave da mão que acaricia o cabelo sedoso ligeiramente humedecido pelo orvalho teimoso que nele se embrenhou e teima em não secar.
A neblina que se levanta preguiceiramente do vale e se fica pelo nível da diferença térmica entre a humidade que se solta e o aquecimento médio provocado pela radiação solar.
O esboço de um perfil que se desenha ao sabor da luminosidade do dia mas também ao sabor da criatividade de cada um de nós que deambulamos o raciocínio desde o solo ao infinito com as nuvens de permeio e os medos por companhia.
Vamos por aqui.
Não sei se é a melhor opção. Aquilo que sei é que a vida é feita de escolhas e que, por isso, temos de escolher e arcar com as consequências dessas escolhas.
Os caminhos são determinantes enquanto fator predominante da escolha uma vez que para o que quer que seja há sempre um caminho a fazer e muitas vezes, por fazer, que, depois de feito e caminhado nos conforta ou assusta. Nos alegra ou deprime. Ou então, nem uma coisa nem outra.
O que quer dizer que indo ou não por aí, a duvida sobre “aonde vamos” implica saber por onde. E isso, é impossível de todo.
Vamos, simplesmente!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.