Era uma relação proibida, chamávamos-lhe fruta de kijila. Não sei se era a proibição que a tornava tão intensa ou se era a devoção investida nela que a tornava única.Um sentimento forte e arrebatador dominou nossas vontades, estávamos em sintonia. Já não éramos dois, não mais seriámos dois… Éramos apenas um casal apaixonado, um apenas um!
Um amor que ficou marcado para sempre, um amor que aprendeu a ser racional e a deixar ir. Quando ele foi embora ainda me amava mas precisávamos nos desagregar para acabar com os problemas. Poderíamos ter ficado juntos contra a vontade de tudo e todos, eramos jovens tínhamos o suplemento do amor e forças para quebrar as regras e enfrentar o mundo e talvez até o planeta.
De repente seu mundo foi invadido por colegas sofisticadas, que sabiam palavras técnicas e usavam as duvidas para se aproximarem dele, amou cada uma delas, mas não com a intensidade que me amava. Eu chegava a odiá-lo por instantes e a seguir voltava a ama-lo com mais intensidade (ele era meu) e eu (dele) e por mais que a lógica me invadisse eu já não mandava em mim. O amor é simplesmente intocável, e tem vontade própria o amor.
Os anos foram passando e a dependência se confundia na necessidade, remendos atrás de remendos, doações atrás de doações, a nossa vontade continuava insaciável, decidimos então enfrentar o mundo, o amor ainda estava lá, intacto… mas nossos corpos tinham sido tocados por paixões agressivas que confundiam a nossa evoluída vontade, ainda nos queríamos, ainda nos pertencíamos… mas já não sabia ao mesmo. Mas o amor é tão astuto que inventou um pacto.
Tu e eu para sempre juntos no coração, kissoco, compadres para a vida toda, eu cuido de ti e tu de mim, e sempre que me quiseres abraçar liga-me (já tinham inventado o telemóvel) ou apenas fecha os olhos, pois será no mesmo instante que eu também te desejarei… e talvez lá mais pra frente os opositores já terão morrido (ele morreu primeiro que os opositores) e nós poderemos nos amar sem culpas nem interrupções… Mas sabes que para nos amar nem precisamos de nos tocar? Basta-nos sentir… Basta olhares para as nossas estrelas…
Numa tarde quente, saímos para apanhar ar, e como sempre refrescar as goelas e as mentes. De súbito gritei: Só se ama uma vez… quase fui apedrejada, choveram comparações que eu achei absurda e acabei descobrindo, que tirando a pessoa que concordou comigo, elas nunca tinham chegado a conhecer o amor.
Respostas como:
– Acho que não até porque o amor cria-se… (criar amor?)
– Também sou de opinião que amor de verdade é só um… o resto são paixões. Muita gente confunde amor e paixão (essa sim entende das coisas)
– Não se ama só uma vez, ama- se um de cada vez… Senão quem se separasse nunca mais arranjava ninguém. (???)
– Não é verdade, o amor é uma decisão que tomamos. Se não deu certo na primeira pode dar na segunda ou na terceira vez. È tudo muito relativo. Às vezes as paixonetas nos enganam e pensamos que estamos a amar muito alguém, mas não, é apenas uma atracção física. (what?)
– Ama-se quantas vezes forem necessárias… (…)
– Discordo e explico, amo minha mãe, depois amei meu primeiro namorado, amo minha primeira filha, amo meu marido, amo minha segunda filha e tenho uma amiga que amo do fundo do meu coração. E só não dou a minha vida e a minha liberdade por ela. (estamos a falar de quê?)
– Ninguém vos mente…
– Ama-se quantas vezes forem necessárias é só saber perdoar e deixar pra trás o passado… (só te olho).
– Concordo plenamente contigo, a gente se apaixona várias vezes, mas amor que é amor é só uma vez. O resto é só o hábito por viver muito tempo ao lado do alguém.
– Não será comodismo pelo bem-estar emocional, ou talvez aprender a seguir em frente? A paixão é mais agressiva, são poucas as pessoas que foram agraciadas com este sentimento,
– Mito, eu já amei três vezes apaixonadamente lembrando que o amor existe ainda que não seja correspondido. Ama-se e pronto. (então nunca amaste)
Questionado sobre quantas mulheres ele teve, certo homem respondeu que só teve uma. E as outras? As outras são cópias irregulares da primeira.
Regime
Quem diz que o amor enfraquece
Não sabe daquilo que fala
Porque tal nunca se esquece
O amor é um regime rigoroso
Continuo e persistente
O amor é como o mundo das drogas vicia e marca para sempre
Tortura , massacra, suaviza e envaidece…
Não se vinga, ele luta com ardor
O amor não dorme, é intocável
Não prende… deixa ir
Tanto sufoca como liberta.
A autora escreve em PT Angola