Uma palavra sobre o bárbaro atentado de Manchester.A isto chama-se “estratégia da tensão”! E lembro-me bem quando ela era usada sistematicamente em Itália para endurecer o sistema do ponto de vista da segurança ou para desviar a atenção social de temas que não interessavam a certos poderes. Neste caso, esta estratégia vem reforçar as tendências nacionalistas e securitárias, promovendo um sentimento generalizado de insegurança.
Estes atentados, nas horríveis tragédias pessoais que provocam, têm sobretudo valor simbólico e são mais actos de comunicação do que verdadeiros actos insurgentes. Trata-se de uma linguagem pesada e cruel que procura afectar não a segurança, já que são impotentes para a pôr estruturalmente em causa, mas o sentimento de insegurança da cidadania.
Para isso contam com a histeria da maior parte dos meios de comunicação que promovem à exaustão essa “estratégia discursiva” assente no crime individualizado. Sim, concordo que se trata de falhados, porque só os falhados na condução da guerra descem ao seu simulacro, o crime gratuito. Que fica fora da linguagem da guerra. A guerra até pode ter um lado nobre. Mas o crime é simplesmente uma acção abjecta, praticada por falhados que não conseguiram fazer valer as suas razões seja com o discurso seja com as armas da guerra. Que os meios de comunicação lhes projectem um discurso falhado e lhes dêem dimensão de guerra é que não é tolerável. Até sabe mesmo a masoquismo!