BRASIL
O Movimento Brasil Metalúrgico emitiu nota lamentando a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira (08) de apostar em uma forte medida protecionista e anunciar um tributo de importação de 25 % sobre o aço e de 10% sobre o alumínio vindos de outros países.
Segundo o texto assinado pelas principais lideranças dos trabalhadores metalúrgicos ressaltou que os dois países tem sido importantes parceiros e aliados comerciais e casou espanta o fato de que os Estados Unidos, que defendem o liberalismo econômico e a liberdade de comércio entre as nações, tomar medidas claramente protecionistas.
A justificativa do presidente Trump é que a ação irá proteger a indústria siderúrgica dos Estados Unidos, que convive com uma concorrência “injusta”. Ele citou ainda questões de segurança nacional na definição das tarifas, afirmando que os EUA precisam de oferta doméstica de aço e alumínio para seus tanques e navios de guerra.
Ainda segundo os metalúrgicos, o argumento utilizado pelo governo americano é totalmente infundado, pois o aço vendido aos Estados Unidos é semiacabado e complementar ao seu processo produtivo e não cria nenhum constrangimento ou dependência para sua indústria bélica ou aeroespacial. “Vemos com muita preocupação o anúncio feito pelo presidente Donald Trump, pois a taxação excessiva sobre o aço e o alumínio brasileiros irá dificultar nossa exportação, gerar desemprego neste setor e problemas desnecessários nas relações comerciais entre os dois países”, temem os sindicalistas.
E cobram do governo Temer uma posição firme em defenda da produção e do emprego no setor siderúrgico brasileiro. “O governo deve adotar medidas cabíveis no âmbito dos fóruns comerciais internacionais, entre elas, a Organização Mundial do Comércio, contrárias a esta decisão unilateral do governo norte-americano”, dizem.
Os sindicalistas finalizam o texto solicitando um audiência com o ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho, da Indústria e Comércio Exterior, para que possam manifestar sua preocupação e reivindicações. “Queremos dar também apoio às ações complementares para a preservação dos interesses nacionais”.
A decisão confirmada nesta quinta-feira já vinha sendo anunciada há dias e tinha gerado reações imediatas de diversos países exportadores, inclusive nos trabalhadores do setor aqui no Brasil.
O debate sobre a adoção das tarifas também provocou um racha dentro do próprio Governo. Nesta semana, Gary Cohn, principal conselheiro econômico do presidente, que era contra a decisão, pediu demissão.
NOTA de entidades do Movimento Brasil Metalúrgico
Em defesa da produção e do emprego na indústria siderúrgica brasileira
É lamentável o anúncio feito pelo governo norte-americano de elevar a tarifa de importação de aço em 25% e do alumínio em 10%. O Brasil, além de ser grande exportador destes produtos para os Estados Unidos, é historicamente, um importante parceiro e aliado comercial deste país.
Espanta o fato de que os Estados Unidos, que defendem o liberalismo econômico e a liberdade de comércio entre as nações, tomem medidas claramente protecionistas e totalmente contrárias ao contexto de globalização dos mercados enfaticamente por eles defendida em todos os fóruns internacionais.
Entre 2009 e 2016, o Brasil apresentou saldo negativo em suas transações comerciais com os Estados Unidos. Neste período, o déficit acumulado foi de US$ 48,3 bilhões, o maior já registrado na história do comércio exterior brasileiro em um período de oito anos com um único país. Nem por isto o Brasil aventou a possibilidade de sobretaxar produtos norte-americanos ou criar-lhes qualquer tipo de barreiras de importação.
A razão alegada para sobretaxar o aço e o alumínio é a de que a importação destes produtos põe em risco a segurança nacional norte-americana, argumento totalmente infundado, pois o aço vendido aos Estados Unidos é semiacabado e complementar ao seu processo produtivo, não criando nenhum constrangimento ou dependência para sua indústria bélica ou aeroespacial.
Os dirigentes das entidades sindicais que integram o movimento Brasil Metalúrgico, abaixo-assinados, veem com muita preocupação o anúncio feito pelo presidente Donald Trump, pois a taxação excessiva sobre o aço e o alumínio brasileiros irá dificultar nossa exportação, gerar desemprego neste setor e problemas desnecessários nas relações comerciais entre os dois países.
Aguardamos atentamente que o governo Temer assuma posição firme em defenda da produção e do emprego no setor siderúrgico brasileiro e adote, se necessário, medidas cabíveis no âmbito dos fóruns comerciais internacionais, entre elas, a Organização Mundial do Comércio, contrárias a esta decisão unilateral do governo norte-americano.
As entidades abaixo-assinadas solicitam audiência com o ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho, da Indústria e Comércio Exterior, para que possam manifestar sua preocupação e reivindicações e também apoio às ações complementares para a preservação dos interesses nacionais.
Miguel Torres
Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM/Força SindicalPaulo Cayres
Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM/CUTLuiz Carlos Prates – Mancha
CSP/ConlutasMarcelino da Rocha
FitMetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil)Delson José de Oliveira
UGT/MinasJosé Avelino – Chinelo
CSB
Por Fábio Casseb | Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado
Fotografia: Na última terça-feira (05) as centrais sindicais lideraram um ato em frente ao consulado americano contra a sobretaxa do aço / Foto: Jaélcio Santana