Somos um país de cobardes… Incapaz de ter uma posição de força. Não o fomos sempre, mas desde há muito que o somos.
Falhamos sempre na diplomacia, excepto quando ela não dependeu do Estado, e os sucessos que tivemos devem-se ao espírito muito lusitano de que Deus fez o Branco, Deus fez o Preto, e o português fez o Mulato. Foi sempre gente fora dos governos que conseguiu mudar vontades a nosso favor. Há muitos anos que isso não acontece institucionalmente em Portugal.
Vem esta treta toda a respeito da visita de Moro e à resposta que deu de que “não entra em debates com criminosos”. Ao responder, nem que fosse desse modo, iniciou o debate. Além de vendido é burro.
Conheço alguém com grandes responsabilidades em Portugal que uma vez me disse que “a arrogância varia na razão directa da ignorância”. Cada vez mais eu concordo com ele, até porque em jovem fui particularmente arrogante. Ainda sou um pouco, portanto ainda sou um pouco ignorante.
Mas o prémio desta semana vai para Moro… É fantástico. Um Ministro que obtêm o cargo em pagamento de condenação do adversário mais não é do que um terrorista político. E vem chamar “criminoso” a um ex-Primeiro Ministro português que não só não está condenado por nada como nem sequer se sabe ainda de que é acusado, visto que decorre ainda a fase instrutória fruto da reabertura do processo.
E o estranho é que o Governo não fez nada. Nada mesmo. Porque Sócrates[1], até ver, deixou de ser o “presidenciável” para passar a ser uma pedra no sapato do PS. É mau… É muito mau.
Compreende-se que por necessidades eleitorais haja um perfil mais baixo depois da detenção de Sócrates e da prisão preventiva (que ainda hoje não percebi porquê visto que ele voou para Portugal para se entregar), mas não se compreende que se deixe um companheiro ser chacinado no campo de batalha para salvar os outros… Vamos juntos e vimos juntos. Pelo menos foi assim que eu aprendi. E os restantes partidos fazem disso uma festa, como se estivéssemos num circo romano… O que Sócrates roubou!!! Como se ele tivesse pegado numa pá, tivesse ido aos nossos IRS, à Segurança Social, aos dinheiros públicos, e tivesse tirado à pazada.
Não foi assim… Até pode não ter sido nada. Mas se for o que diz a acusação é que ele recebeu “luvas” por usar a sua posição para favorecer negócios. Como os administradores da EDP, da CGD, GALP, e de muitas empresas publicas e PPP que saem dos governos para as administrações em todos os governos sejam de que cor forem… E mais ninguém está em tribunal.
E vem agora um iletrado funcional que chegou a juiz não se sabe bem como, que chega a Ministro comprado por um Presidente que nem soube ser pai, nem soube ser empresário, nem soube ser militar, e – pelos vistos – nem sabe ser Presidente, insultar um ex-Primeiro Ministro português.
Que o Estado nada faça eu entendo, somos cobardes institucionais desde há muito tempo. Mas porra, somos portugueses, podemos ao menos mandá-lo para o caralho[2], não?
[1] E eu nem gosto do Sócrates
[2] É o posto de vigia do mastro
