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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Sting | Música. Cinema. Criatividade.

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Entre 1978 e 1983 os Police lançaram 5 álbuns de originais e ganharam 6 Grammy. Com um som difícil de caraterizar, incluindo influências do jazz ao rock progressivo, a carreira do grupo foi marcada por grandes sucessos como “Message In A Bottle”, “Walking On The Moon”, “Don’t Stand So Close To Me”, “Every Little Thing She Does Is Magic” e sobretudo “Every Breath You Take”, tema sinistro sobre obsessão e controlo travestido em canção de amor, mas que continua a ser um dos mais tocados nas rádios norte-americanas. Com níveis de vendas muito elevados e grandes tournées para cada novo disco, a relação dentro do grupo foi-se tornando mais tensa e progressivamente degradando. Em 1983, no final de um espetáculo no Shea Stadium em Nova Iorque, Sting assumiu que era tempo de parar. Stewart Copeland prosseguiu a sua carreira compondo bandas sonoras para filmes. Andy Summers entrou pelo jazz e pelos duetos de guitarra.

Sting em “The Bride”

Após a rotura com os Police, Sting seguiu uma carreira de ator. Tinha já experiência do cinema, onde se estreou em 1979 participando em “Quadrophenia”, e do teatro, onde a estreia ocorreu com a sua participação na peça “Brimstone and Treacle” de Dennis Potter. O papel principal no filme “The Bride” e papéis secundários em “Dune”, “Julia and Julia” e “Plenty” animaram o relançamento da sua faceta de ator. Mas a música pulsava mais forte e mostrou-se sempre aliada de uma outra importante faceta: a de ativista. Já em 1981 Sting fizera a sua primeira atuação a solo, a convite do produtor Martin Lewis, num festival a favor da Amnesty International. Durante 4 noites Sting apresentou o show “The Secret Policeman’s Other Ball”, com a colaboração de Eric Clapton, Jeff Beck, Phill Collins, Bob Geldorf e Midge Ure. Apesar de os Police já terem abordado as temáticas sociais em 1980, com o tema “Driven to Tears”, este concerto foi o início do seu envolvimento consciente em causas sociais e políticas.

Em 1985 Sting lança o seu primeiro trabalho a solo, “The Dream Of The Blue Turtles”. A sua imprevisibilidade manifesta-se no conjunto de músicos que o acompanham, onde sobressaem o saxofonista Branford Marsalis, o teclista Kenny Kirkland, o baixista Darryl Jones e Omar Hakim, baterista dos Weather Report, todos músicos de jazz, com sólida formação, virtuosos nos seus instrumentos. Entre outros êxitos o álbum inclui “Russians”, uma pungente alusão às paranoias da Guerra Fria.

Começa igualmente a sobressair outra das suas principais caraterísticas: a sua criativa hiperatividade. Desde o tempo dos Police que a sua disponibilidade para participar em projetos de várias origens e matizes se vinha acentuando. Esteve com Bob Geldorf em 1984 na Band Aid e em 1985 no Live Aid, atuando no mítico espetáculo de Wembley com os Dire Straits. Ainda em 1985 gravou com Miles Davis, Arcadia e Phill Collins, participou num álbum de homenagem a Kurt Weil e gravou um documentário com Michael Apted. Até hoje as suas colaborações musicais suplantam a meia centena, contando apenas com músicos de primeira linha mundial, como Bruce Springsteen, Tom Jobim, Tina Turner, Frank Zappa, Paul McCartney, Stevie Wonder e Peter Gabriel, entre muitos outros.

Em 1987 dedica à sua recém-falecida mãe o álbum “Nothing Like The Sun”, que inclui novos êxitos como “Fragile”, “Be Still My Beating Heart”, “They Dance Alone” (dedicado às mães dos desaparecidos da ditadura chilena) e sobretudo “Englishman In New York”, inspirado no excêntrico escritor Quentin Crisp. No ano seguinte traduz para espanhol e português alguns destes temas e publica “Nada Como El Sol”. Segue-se “The Soul Cages” em 1991, dedicado ao pai que falecera pouco antes. Os prémios continuam a fazer brilhar o seu trabalho e as colaborações nos mais diversos projetos (incluindo a ópera) continuam a aumentar. Os discos são complementados com vídeos e prolongadas tournées mundiais, sempre esgotadas. Em 1993 lança “Ten Summoner’s Tales”, pouco depois de casar com a atriz e produtora Trudy Styler, e em 1996 sai “Mercury Falling”. O reconhecimento do seu trabalho é crescente e as propostas de colaboração chovem de todos os lados.

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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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