Sérgio Inocente é, como sabemos, o único até hoje com posição conhecida. Trabalha com um frenesi e uma determinação como se as eleições fossem já amanhã. Entende que é no madrugar, como na cultura laboral do campo, que o ganho se esconde. Será das suas ligações remotas à realidade rural, de onde seus pais emigraram um dia. É capaz…
Há que tempos o nosso “candidato único” – tecnicamente é o que o homem é – caminha sozinho, se empolga sozinho, se stressa sozinho…
Notícias que circulam ainda à boca pequena dizem que em breve, dentro de um tempo inferior a duas semanas, o véu destapa-se. Ao que se diz, a outra trincheira, o partido “Victória Certa” – que na verdade é a força que mais medo transmite a Sérgio Inocente pela forte possibilidade de lhe atrapalhar a rota para o palácio -, está quase a anunciar o seu candidato, isto é, o homem de carne e osso contra quem Sérgio terá de medir forças e argumentos no palco político.
O sono, que definitivamente não é o melhor trunfo de Sérgio Inocente candidato, anda escasso nas últimas noites. Desde o dia em que por via do seu staff de campanha tomou conhecimento dos nomes prováveis que entrarão para a disputa eleitoral, sobretudo o da fonte das suas maiores angústias, o partido “Victória Certa”, o grande papão em décadas.
– Querido, vais ter de aprender a lidar com isto, a dormir quando é preciso dormir – advertiu Zumba Inocente, a mulher, lúcida qb no contexto da sua caminhada até ao palácio.
– Mulher, com um adversário como o que ali vem? – contrariou Sérgio Inocente.
– O que é que ele tem? É um candidato e não podes tremer como varas verdes. É só mais um. Estavas à espera do quê, marido? – insurgiu-se, ainda assim em tom dócil, Zumba Inocente.
– Querida, vou confessar-te uma coisa mas que seja como um segredo de alcova: estava à espera que o “Victória Certa” não lançasse candidato… ou desistisse da corrida, sei lá – disse, choroso, um Sérgio baralhado.
– Marido, agora começo a acreditar no que me insinuou o teu chefe de campanha naqueles tumultos em Dezembro: “o nosso Sérgio pode estar no ciclo pré-menopausa da política, quando começam a bater mal partes da cachimónia”. Síndroma do mau perder, meu querido? – deixou escapar Zumba.
– Zrunnnnn……zrunnnnn…..zrunnnnn
– Oh, meu pobre marido… adormeceu. E como ressona! Estas eleições vão ser muito muito stressantes, dá pra ver! – conformou-se a quase futura primeira dama, se tudo acontecer como nessa casa de idealistas se sonha.
O autor escreve em PT Angola