Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Suburra

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De tal maneira avançamos com cuidado para esta trama cuja storyline revela que um tal de ‘samurai’ tem um plano para converter a zona litoral de Roma numa espécie de Las Vegas. Quando o poder político complementa o interesse mafioso tudo se pode encaminhar para um interminável déjà vu. Será? Nem por isso.

suburra2Logo pela sequência inicial de Stefano Sollima, um homem com particular à vontade no terreno da adaptação televisiva de temas próximos (a adaptação para TV de Roma Criminal e de Gomorra servem de cartão de visita).

De resto, o filme vem apoiado pela Netflix. Mas, atenção, isso não lhe retira o enorme poder em estabelecer uma convincente trama que funde num turbilhão tudo o que se já disse com o aroma de incenso da santa madre igreja católica. Quando mais não seja porque tudo se desenrola numa contagem decrescente para o Dia do Apocalipse, supostamente quando o Papa haveria de renunciar ao seu cargo. Poderá ver-se nesta abdicação também a falência da política diante de outras forças tentaculares já devidamente instaladas.

Após uma semana de decisões, um deputado (Pierfrancesco Favino, um dos actores italianos que melhor fez a ponte para o cinema americano blockbuster, com pequenos papéis, ao lado de Chris Hemsworth, em Rush – Duelo de Rivais, de Brad Pitt, em WWZ: Guerra Mundial, Tom Hanks, em Anjos e Demónios, ou mesmo Adam Sandler (À Noite no Museu), prepara-se para mais uma noite de loucura, com um par de raparigas cedidas por Viola, uma gerente de escort girls, bem defendida pela belíssima Greta Scarano (que passou por Portugal durante a Festa do Cinema Italiano e com quem pudemos conversar).

Suburra-2A noite acabará mal para uma das meninas que não supera uma dose de drogas pesadas. Só que a forma de ‘limpar’ esse deslize acaba por implicar demasiados interesses antagónicos, leia-se mafiosos distintos, com favores conflituantes. Preparem-se para o caleidoscópio.

Pode até nem haver nada de novo nesta história, não há, se bem que Sollima trilha o género com uma segurança inesperada que vai do Parlamento ao Vaticano, de Ostia, a ‘Las Vegas romana’, às ruas da capital, desenhando personagens marcadas que deixam pouco a dever aos melhores exemplos do tal género noir. Bem feito.

 

Nota: A nossa avaliação de * a *****

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