É uma honra aceitar o convite para escrever sobre temas relacionados com a Paz no Jornal Tornado. Uma agressão conduz a outra agressão, em minutos. Mas a Paz é uma cultura de vida inteira. Numa era de conflitos, poucos órgãos de comunicação têm esta visão. A Paz equivale a uma longa luta travada em prol de um objetivo grandioso e sensível, pelo que todas as portas abertas nos parecem poucas, mas, embora excepcionais, muito extraordinárias e louváveis.
Falar de Paz é também falar de Guerra, de Conflitos, de Terrorismo, de Violência. Falar de Paz é perceber o lado humano que faz do animal que somos o Homem que merecemos ser.
Nesta primeira participação na coluna do Jornal Tornado, parece urgente começar por falar do calendário, em últimos dias, da Missão de Paz no Sudão do Sul, que apesar de ver o seu mandato prolongado, tem como data limite o dia 12 de Agosto. Nas próximas horas pode ainda ver mudado o seu destino – e o Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, centro de uma Guerra impiedosa (por possuir, afinal, 75% das reservas de petróleo do antigo Sudão localizadas sobretudo na região de Abyei, que correspondem a 98% da receita do novo país. No norte também se encontram os oleodutos responsáveis pelo transporte do petróleo até o Mar Vermelho) precisa mesmo deste prolongamento e apoio.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu manter até 12 de Agosto a missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) para ter mais tempo para negociar um eventual reforço. É com apreensão que registamos sempre os caminhos da burocracia, quando há seres humanos que precisam de apoio urgentemente. Samantha Power, embaixadora dos Estados Unidos da América, surge como uma das vozes protagonistas das negociações. Aliás, proveio dos EUA a proposta para evitar o fim do mandato da missão.
Os 15 membros do Conselho de Segurança adoptaram por unanimidade uma breve resolução técnica da proposta. Todavia, o argumento emergente é que as propostas para reforçar o número de tropas da ONU no Sudão do Sul requerem “mais análise”, embora o processo deva ser concluído com “urgência. Também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao Conselho de Segurança o reforço da missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (membro da ONU desde 2011) e pediu, entre outras coisas, o envio de helicópteros de combate para a defesa da população.
A UNMISS conta atualmente com 13.500 elementos, 12 mil dos quais são militares.
O pedido da Ban Ki-moon foi mais longe, incluindo a solicitação de um embargo de armas e a possibilidade de serem aprovadas mais sanções aos líderes do Sudão do Sul em resposta à recente onda de violência e combates.
O secretário-geral da ONU avisou que o Sudão do Sul está à beira do abismo, na sequência da intensificação dos confrontos armados e de uma vaga de violência sexual.
Perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, Ban Ki-moon afirmou estar “chocado pela escala da violência sexual”, numa referência aos relatos de funcionários da organização que dão conta de pelo menos 120 casos de violações nas últimas três semanas.
Os combates entre unidades militares rivais na capital do país, Juba, entre 8 e 11 de Julho, provocaram pelo menos 300 mortos e milhares de deslocados. Independente desde 2011 após uma cisão do Sudão, o Sudão do Sul (o mais jovem país do Mundo) está dilacerado por uma guerra civil marcada por massacres interétnicos que causaram dezenas de milhares de mortos e perto de três milhões de deslocados desde Dezembro de 2013.
Como disse Nelson Mandela: “Se quiseres fazer a paz com o teu inimigo, tens de trabalhar com ele. Então, tornar-se-á no teu companheiro.”
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