Pronto. Depois de mais uma ronda de audiências, o presidente da República deve ter, finalmente, reunidos todos os elementos que achou fundamentais para decidir de que forma vai desatar o nó do impasse político.
Hoje foi dia de receber os dirigentes partidários que, no fim da audiência, não disseram nada de inesperado. António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa juram que há condições para que o PS forme governo e que a decisão de Cavaco Silva não pode ser outra senão indigitá-lo. Passos Coelho e Paulo Portas, pelo contrário, consideram que a solução encontrada à esquerda não garante nada, nem sequer a aprovação do Orçamento de Estado.
No entanto, o líder do PSD já parece conformado em que, nesta altura, a bola está do lado de Costa. Não necessariamente para formar já governo, mas para apresentar “uma maioria estável, duradoura e credível” que, na sua opinião, o PS “ainda não tem”. Nesta altura, “não tem garantia que o seu próximo Orçamento do Estado possa ser aprovado”, nem que o país “possa continuar a respeitar aquilo que são as regras europeias”.
Um discurso quase a papel químico foi o de Paulo Portas. Os documentos assinados pelos socialistas com os partidos à sua esquerda são “diferentes, nenhuma das partes se compromete ao mesmo e não há, sequer, uma assinatura conjunta”. Pela leitura que deles faz, conclui que “não há garantias de estabilidade, visto que não há compromissos quanto ao Orçamento do Estado, ao programa de Estabilidade, ao semestre europeu e ao Tratado Orçamental”. Isto “não anuncia nada de bom” e não satisfaz aos “requisitos afirmados pelo presidente da República”, o qual deve constatar isso mesmo.
Naturalmente que, da parte de António Costa, há uma leitura muito diferente dos acordos. Eles dão-lhe “toda a confiança de estarmos em condições não só ver aprovado o Orçamento do Estado, como de o poder fazer no mais curto prazo de tempo”. Daí que também ele deixe um recado a Cavaco Silva, mas de sinal contrário ao de Portas. Há que “poupar ao país o arrastamento de uma situação de incerteza, de indefinição, que colocaria o país numa situação de crise política desnecessária” e dar posse a um governo com maioria parlamentar.
Como se esperaria, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e também Heloísa Apolónia, dos Verdes, corroboram a confiança de António Costa. Os acordos assinados garantem “uma solução duradoura na perspectiva da legislatura”.
O último a ser recebido foi André Silva, que, nas actuais circunstâncias também concorda que, um governo chefiado por António Costa é “a melhor opção”.
Mas a opinião que conta é a de Cavaco Silva que, após o seu regresso da Madeira, recebeu os principais banqueiros do país, vários economistas e, finalmente, delegações dos partidos com representação parlamentar. Agora, só fica a faltar a sua decisão.