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Quinta-feira, Dezembro 26, 2024

Tasca centenária de Lisboa oferece bolsas a alunos da Católica

pormenor de "O Fado" de José Malhoa
Pormenor de “O Fado” de José Malhoa

O Grupo Tendinha, cuja tasca centenária se situa no Rossio, vai oferecer duas bolsas de investigação, ligadas a temáticas lisboetas, a dois estudantes de mestrado da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

A parceria entre as duas entidades insere-se no Lisbon Consortium, um programa de mestrados e doutoramentos na área da gestão artística e cultural e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e um conjunto de instituições culturais como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Culturgest, a Fundação Oriente, a Cinemateca, o Centro Nacional de Cultura e o Museu Nacional de Teatro e da Dança entre outras. Este programa recebeu recentemente o galardão de 3º melhor programa do mundo, pelo ranking mundial da Eduniversal.

 “Velha Taberna, Nesta Lisboa moderna”

Os versos são de José Galhardo para o Fado Tendinha, canção interpretada por vários fadistas entre os quais Amália Rodrigues e Hermínia Silva. A tasca “A Tendinha” foi inaugurada em 1840. Com apenas 32 m2 de loja, são muitos os que por lá passam, entre portugueses e estrangeiros que deixam histórias para contar. “Ao longo dos anos, fomos acompanhando a evolução histórica do país, fomos sempre um sítio onde boémios, fadistas, pessoas de classe alta, pessoas de classe baixa, toda a gente está lá bem” refere o director do grupo, José Pires. Entre os mais ilustres clientes, o director recorda: “o Alfredo Marceneiro era nosso cliente e há quem diga que o Malhoa descobriu lá o fadista do quadro o fado”.

Ao oferecer duas bolsas de estudo a estudantes de mestrado com projectos ligados a temáticas de Lisboa, “A Tendinha” quer retribuir à capital o que a cidade e os seus transeuntes lhe têm dado: “Um bocado contar a história que está ali viva e é isso que nós queremos perpetuar para a cidade de Lisboa, porque Lisboa tratou-nos sempre muito bem”, explica José Pires. Embora não haja limitações ao objecto de estudo dos projectos a concurso, o director do Grupo Tendinha confessa que gostaria de atribuir as bolsas a um aluno português e outro estrangeiro: “cada vez mais, também se está a tornar numa embaixadora de Lisboa junto do estrangeiro porque cada vez mais estrangeiros vêm à Tendinha”.

Estudar as tradições, renovar conhecimento

Do lado da academia, a vice-reitora da UCP e coordenadora do Lisbon Consortium, Isabel Capeloa Gil, refere que este protocolo “vai-nos ajudar justamente não só pelo regresso às tradições que são muito importantes e que fazem parte deste desenvolvimento criativo da cidade de Lisboa, ligado ao fado, às tradições dos bairros populares de Lisboa mas, mais do que isso, permitir a estudantes que frequentam o programa estudarem especificamente temas relacionados com a cidade”.

Quanto aos alunos a que serão atribuídas as bolsas, Isabel Gil admite que estudar Lisboa pode atrair quer alunos portugueses quer alunos internacionais: “À partida, quando os estudantes se candidatam ao programa têm que falar um pouco do que são as suas expectativas de investigação e muitos deles dizem que gostariam, justamente, de fazer estudos comparativos entre Lisboa, como cidade criativa, e outras capitais europeias”. O Lisbon Consortium abrange neste momento alunos de 14 nacionalidades da Europa, Ásia, América do Norte, América do Sul e Austrália.

Na no acto de assinatura do protocolo, na passada semana, entre a UCP e o Grupo Tendinha, participaram também o director da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, José Miguel Sardica, a presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho e Dulce Mota, representante da Fundação Millenium- parceira do Lisbon Consortium.

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