Poema inédito de Beatriz Aquino
Tento decifrar a tarde que cai em teus olhos
E descobrir se enquanto sorves da tua janela o profundo azul do céu de Lisboa, tu imaginas o quão estranho e divino é isso que estamos tecendo.
Tento também interpretar a noite que mora neles.
E adivinhar o quanto já usaste do reservatório de lágrimas que eles carregam.
É certo que amo do teu sorriso, mas é no frágil e no escuro que vemos mais.
O homem se mostra tão pouco.
E não conta sobre os precipícios em que caiu, se há sangue em suas mãos ou cicatrizes injustas.
Sei que és forte e próspero. Mas é o menino por trás do terno que busco.
Sua bravura e nobreza, os sonhos bonitos que escreveu nas árvores da rua ou em códigos nos muros da escola.
Quantas meninas amou e se o rosto delas ainda se faz mosaico em suas retinas.
Desejo, decerto, o homem em teu corpo, mas busco mesmo o éter da tua alma, o rouco da tua garganta quando emocionada e claro, essa tua voz que afaga tudo…
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.