A campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste teve início no dia 10 de Abril e encerra hoje, 9 de Maio de 2018, com a participação de quatro coligações partidárias e quatro partidos políticos. As coligações partidárias são a AMP – Aliança para a Mudança e o Progresso, o MSD – Movimento Social Democrata, a FDD – Frente de Desenvolvimento Democrático e o MDN – Movimento de Desenvolvimento Nacional. Os partidos políticos concorrentes são a FRETILIN – Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente, o PD – Partido Democrático, o PEP – Partido Esperança da Pátria e o PR – Partido Republicano.
Episódios marcantes de violência e desentendimentos durante a campanha eleitoral
A campanha que termina hoje, dia 9, tem-se realizado em ambiente relativamente calmo, à excepção de episódios isolados de violência, principalmente entre a AMP e a FRETILIN, desde insultos nas redes sociais a agressões físicas. A situação de maior gravidade, com alguns feridos, ocorreu em Laga (Baucau) quando um grupo de militantes da AMP foi atacado à catanada por elementos desconhecidos mas a pronta intervenção da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) estabilizou a situação.
Outra notícia que criou alguma surpresa junto do eleitorado da FDD foi a saída do presidente da Frente-Mudança, José Luís Guterres. O dirigente, apesar de ter assinado um acordo para integrar a coligação da FDD, de forma imprevista decidiu abandonar o seu partido e apoiar a AMP, uma situação embaraçosa que obrigou a FDD a fazer uma conferência de imprensa e “explicar-se” ao seu eleitorado.
AMP declara que em Timor-Leste há uma obsessão pela língua portuguesa
Em relação aos debates com as oito organizações políticas candidatas, transmitidos em directo pela televisão pública de Timor-Leste (8 e 9 de Maio), nada de relevante há a destacar que não constasse dos programas eleitorais a não ser o fiasco do representante da AMP que, num momento mais quente do primeiro dia do debate, visivelmente emocionado, deixou escapar o desabafo segundo o qual em Timor-Leste “há uma obsessão pela língua portuguesa”. Após o imediato desacordo demonstrado pelo representante do MSD, depressa o dirigente da AMP tentou, sem efeito, compor o “ramalhete”.
A propósito da problemática em torno das línguas oficiais do país (Tétum e Português), antes e durante a campanha eleitoral os partidos e as coligações que assumiram a defesa da língua portuguesa foram a FRETILIN, o PD, o MSD e a FDD. A posição da AMP, MDN, PEP e PR em alguns casos é contra o português sem rodeios, caso do PR, e ambígua em outros casos, no sentido de haver preferência pela penetração do inglês no território e que se faz sentir principalmente através da influência das agências internacionais anglo-saxónicas e dos assessores internacionais de língua inglesa.
MSD coloca na agenda da campanha eleitoral fim das importações de produtos nacionais e exigência de subsídios para os agricultores
Um outro aspecto que merece realce é o facto do MSD durante as suas campanhas eleitorais ter utilizado como instrumentos fundamentais em defesa dos interesses do país o fim faseado das importações de produtos nacionais, como o arroz, o café e a baunilha, e a imposição de impostos agravados para a importação de produtos nacionais que podem ser consumidos e exportados. Nesta linha de pensamento, o Secretário-Geral do MSD, Avelino Coelho, defendeu igualmente a atribuição de subsídios para os agricultores e a criação de cooperativas agrícolas. De forma impensável, quase todos os restantes partidos e coligações passaram a defender nos seus discursos o fim das importações para produtos nacionais e os subsídios para agricultores.
Timorenses votam em Timor-Leste, Portugal, Austrália, Reino Unido e Coreia do Sul
No dia 12 de Maio os timorenses votam no território nacional em 876 centros de votação, distribuídos por 1.151 estações de voto criadas nos 452 Sucos (cada Suco é formado por um conjunto de Aldeias). No estrangeiro haverá centros de votação em Portugal (Lisboa e Porto), Austrália (Darwin, Melbourne e Sydney), Reino Unido (Dungannon, Londres e Oxford) e Coreia do Sul (Seul).
Segundo informações do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) foram impressos 17.481 livros de 50 boletins de voto, num total de 874.050 boletins, havendo 787.761 eleitores, mais 22.903 do que existiam nas eleições de 22 de Julho passado.
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