Vários tabus caem pela base nas últimas horas, após o registo, para muitos surpreendente, de ataques promovidos por terroristas radicais num raide que teve por alvo a capital do Irão, Teerão.
Um dos tabus é obviamente aquele que teima em localizar os operacionais terroristas como agentes religiosos; outro, o de que o mundo islâmico é uno e tem um único rosto em matéria de opções; finalmente, que os xiitas são os radicais da história (o Irão tem uma maioria xiita), o que há muito sabemos não ser verdade (pois os militantes extremistas sunitas envolvidos com a Al-Qaeda, dos grupos Estado Islâmico do Iraque e do Levante, têm sido os protagonistas – únicos – mais noticiados). Exceção óbvia para o Hezbollah, o Partido de Deus, organização política e para-militar fundamentalista islãmica.
Depois de Londres, os atentados em Teerão provocam agora mais de meia centena de vítimas: dois ataques simultâneos nas zonas mais guardadas da capital, Teerão: o parlamento e o mausoléu de Khomeini. Mais aviltante para os muçulmanos, por se viver presentemente o Ramadão, que decorre este ano entre 26 de maio e 24 de junho). E duplamente chocante, pois para além do Ramadão, faça-se notar que estão a decorrer as evocações dos quinze anos da morte do imã xiita, que liderou a revolução iraniana, em 1979. O Aiatola Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini foi uma autoridade religiosa xiita iraniana, líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979 que depôs Mohammad Reza Pahlavi, na altura o xá da Pérsia, nome dado ao Irão.
Segundo a agência de notícias IRNA (agência de notícias iraniana) o Daesh (ou EI) reclamou agora a autoria dos ataques: na manhã do dia 7 de junho, quatro atacantes armados, vestidos com roupas de mulher conseguiram entrar no parlamento iraniano (Majlis) e disparar de forma indiscriminada, matando um guarda e civis de visita ao parlamento. Minutos depois, no mausoléu do Aiatola Khomeini, líder histórico do país, uma mulher fez-se explodir provocando inúmeras vítimas.
Atentados em Teerão
No conjunto dos ataques, 12 pessoas foram mortas e 42 feridas.
Os atacantes do parlamento chegaram a fazer reféns, mas a situação foi entretanto controlada pelas forças de segurança que mataram os quatro homens armados.
Estes ataques estão a aumentar a tensão na região do Médio Oriente, dias depois do corte de relações da Arábia Saudita com o Qatar, corte de relações que já ocorreu no passado e que tem como fundamento razões económicas – o Qatar, recorde-se é um dos países mais ricos do mundo. Dizem os observadores mais atentos que nada mudará, este corte de relações, mas por detrás dele há mais do que meras relações diplomáticas tensas, pois estão ainda supostas declarações do emir Tamim bin Hamad Al Thani de apoio ao Irão.
A Arábia Saudita acusou, de imediato, o Qatar de estar por detrás do financiamento ao Daesh (EI) e de apoiar a irmandade muçulmana e o Hamas. O Qatar acusa a Arábia de financiar terroristas. A verdade é que não existindo financiamentos oficiais de estado, não há dúvidas que há financiamentos de milionários locais, cujos interesses estão em jogo no Médio Oriente e um pouco por todo o mundo onde prosperam os seus negócios.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90