Assim como, em nosso imaginário, a vida no campo é associada a uma vida regida pelas leis da natureza, onde a natureza é divina e não um complexo físico e biológico, a relação entre patrão e empregado é vista, na música sertaneja de Tião Carreiro e Pardinho, como uma condição natural, criada por Deus.
A letra passa ao largo de uma compreensão histórica e sociológica da formação das classes sociais e coloca o ser patrão e o ser empregado com a mesma fatalidade das tempestades, das estiagens, do amanhecer e do anoitecer.
O patrão e o empregado
Composição: José Nunes e Lourival dos Santos/1994
Intérprete: Tião Carreiro e Pardinho
Eu estava sem assunto a lei divina mandou
Passei a mão na viola o meu santo me ajudou
Pra falar de duas classes que a tempo Deus criou
Empregado e patrão ainda ninguém falou
Empregado é abençoado patrão Deus abençoou
Empregado e patrão duas linhas paralelas
Para defender os dois eu estou de sentinela
No futebol do trabalho os dois juntos faz tabela
Constrói a grande vitória que o país precisa dela
Pátria precisa dos dois e os dois lutam por ela
Empregado quando é bom o patrão é companheiro
Empregado dá o suor e o patrão dá o dinheiro
O dinheiro é coisa boa pra aqueles que sabe usar
Usando só para o bem o dinheiro faz cantar
Usando só para o mal o dinheiro faz chorar
Já trabalhei no pesado, pisei descalço na neve
Hoje no braço da viola o meu serviço é mais leve
Sou empregado dos fãs que pra mim nada me deve
Eu é que devo resposta da carta que o fã me escreve
Minha viola companheira comigo nunca faz greve
Desde o tempo de menino conheci um velho ditado
O patrão quando é rico empregado é remediado
O que vou dizer agora eu não deixo pra depois
Quem trabalha para pobre não sai do feijão com arroz
Trabalhar pra quem é pobre é pedir esmola pra dois.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado
Fonte: Centro de Memória Sindical