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João de Sousa

Sábado, Novembro 2, 2024

Timor-Leste confirma primeiro caso de COVID-19

J.T. Matebian, em Timor-Leste
J.T. Matebian, em Timor-Leste
Correspondente em Timor-Leste.

Em Timor-Leste confirmou-se o primeiro caso de COVID-19. Trata-se de um cidadão regressado este mês de Portugal. A ministra da educação ordenou o encerramento de todas as escolas. Os professores portugueses cooperantes estão inquietos e querem pedir o repatriamento.

A Directora-Geral de Serviços de Saúde de Timor-Leste, Odete Viegas da Silva, declarou que a cidadã infectada esteve em Portugal para uma acção de formação. Poucos dias depois do regresso apresentou-se no Hospital de Referência de Baucau, a segunda maior cidade do país, com sintomas de gripe.

Odete Viegas da Silva, Directora-Geral dos Serviços de Saúde de Timor-Leste

Após ter recebido assistência médica, recusando ser isolada em Baucau e pedindo para ser transferida para a cidade capital, a paciente acabou por ficar em quarentena, sob vigilância médica, numa sala de isolamento, em Díli. Os testes que confirmaram a doença foram realizados na Austrália e os resultados foram anunciados no Sábado.

Um porta-voz do Ministério da Saúde afirmou igualmente que a equipa de Intervenção em Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde está a estudar o caso para tentar perceber com quem a paciente manteve contactos.

O Jornal Tornado soube de fonte segura que para além deste caso, há suspeitas de que possam existir outros casos de COVID-19 no seio de um grupo de timorenses também regressados de Portugal, mas aguardam-se os resultados dos testes, e de cidadãos provenientes de outros países, nomeadamente da Coreia do Sul.

 

Governo (tardiamente) prepara plano de contingência para COVID-19

Na medida em que o sistema de saúde pública de Timor-Leste é frágil e tem pouca capacidade de resposta, há um plano a ser preparado, com um orçamento de aproximadamente 1800 mil USD americanos para fazer face à pandemia, com a ajuda da Austrália e da China.

Flyer impresso em língua tétum no âmbito da campanha de sensibilização

As medidas incluem aspectos relacionados com o controlo à chegada de visitantes, compra de materiais médicos, consumíveis, medicamentos, formação, etc., mas, a situação real vivida no país assim o demonstra, há várias acções estratégicas que já deviam ter acontecido há mais tempo, com eficácia e eficiência.

É reconhecido que as autoridades timorenses têm feito algum trabalho para sensibilizar a sociedade para os perigos da pandemia, contudo, nem sempre conseguem atingir os objectivos com sucesso, ora por erros de estratégia, ora por ineficácia na sua operacionalização, o que conduz à falta de compreensão por parte das populações em relação às medidas governamentais que vão sendo tomadas.

No passado dia 8, os residentes de Tibar (Oeste de Díli) protestaram em relação a uma decisão das autoridades de saúde que implicava a construção de um lugar especial para abrigar suspeitos de COVID-19, o que denota não ter havido um (bom) trabalho prévio de socialização.

“A nossa comunidade de Tibar não aceita vírus corona” (Imagem de Domingos Freitas)

A Directora Odete Viegas da Silva, numa tentativa de apelar à compreensão, referiu que a sensibilização dos moradores é importante porque as comunidades necessitam de ter “conhecimento detalhado” para saberem como se proteger da pandemia.

Odete da Silva (e bem!) sustentou que esta questão “não é apenas responsabilidade do Ministério, mas é responsabilidade de todos os cidadãos”.

Os protestos foram de tal forma determinados que obrigaram à presença e intervenção da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste)  que apenas conseguiu dispersar a multidão com gás lacrimogéneo, passadas 4 horas de tumulto.

Manifestações idênticas, com apedrejamento, fizeram-se sentir no Domingo (dia 22), na cidade de Díli, quando vários populares tomaram conhecimento de que um hotel iria ser usado para albergar em quarentena cidadãos provenientes do exterior.

Se os cidadãos suspeitos de COVID-19 não estiverem albergados de forma controlada como impedir a propagação? Tudo indica, portanto, há uma certa desorganização que se não for resolvida poderá levar a algum descontrolo.

 

Testes de despistagem em massa anunciados pelo Primeiro Ministro

O Primeiro Ministro timorense, Taur Matan Ruak, anunciou no passado dia 19 que o governo planeia a realização de testes em massa, em diferentes locais públicos e privados, nomeadamente em escolas e em lojas, para despistagem do coronavírus porque até ao momento os rastreios realizam-se apenas no aeroporto e em outros postos fronteiriços.

Uma das preocupações também anunciadas por Taur Matan Ruak é a situação actual de vários timorenses provenientes da Coreia do Sul que não se sujeitaram a nenhum regime de quarentena e nem sequer realizaram testes.

 

Escolas encerradas e professores portugueses inquietos

De forma análoga ao que se tem passado em outros países, a ministra da educação timorense anunciou o encerramento de todas as escolas públicas e privadas, desde o pré-escolar até ao ensino secundário, e o mesmo irá acontecer com o ensino superior. Recorde-se que em todas as escolas do ensino não superior de Timor-Leste há cerca de 300 mil alunos matriculados.

Entretanto, soubemos que os professores portugueses a leccionar nos CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar) que chegaram a Díli há três semanas, para trabalharem até ao final do ano, já querem pedir o repatriamento.

Portanto, nota-se haver um certo pânico instalado, a nosso ver não justificado, na medida em que as escolas em Timor-Leste também estão encerradas, e os professores portugueses podem e devem fazer isolamento social, aguardando a evolução dos acontecimentos para depois ponderarem em relação a novo ponto de situação.

No espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste junta-se agora ao Brasil (1178 infectados com 18 óbitos), Portugal (1600 infectados com quatorze óbitos), Angola (dois casos confirmados), Cabo Verde (três cidadãos infectados) e Moçambique (um caso confirmado).


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