Diz então a douta senhora, que só Deus saberá como passou de compradora de SWAPS na CP a Ministra das Finanças, que tudo o que vem acontecendo com a Caixa Geral de Depósitos e respectiva recapitalização não passa de um acervo de trapalhadas. Uma caderneta de cromos de incompetências várias acumuladas, segundo Maria Luís.
Está no seu direito e nada haveria a dizer se quando questionada por um dos presentes sobre o que faria se fosse ministra, não tivesse respondido: “bem… faria exactamente tudo ao contrário!”
Tal resposta levanta uma questão filosófica da maior pertinência. Regra geral “fazer o contrário de… ” quer dizer que se tomariam decisões e implementariam acções diferentes e mesmo inversas das que foram tomadas e implementadas. Mas, Maria Luís foi ministra das Finanças durante três anos. Nesse largo lapso de tempo teve inúmeras oportunidades de “fazer o contrário”, como agora alega.
Acontece que nos supra referidos três anos Maria Luís não fez absolutamente nada sobre este assunto, à semelhança do que não fez com o BANIF.
Estará Maria Luís a mentir, como faz tão assiduamente ou a ser deliberadamente falacciosa? E é aqui que entram a Filosofia e a Semiótica. Maria Luís está a dizer a mais absoluta das verdades. Acontece apenas que Maria Luís está a considerar apenas a primeira parte da pergunta: o que faria se fosse ministra? Nada, que foi exactamente o que fez.
Não fazer nada é, de facto – de um ponto de vista filosófico – rigorosamente o contrário de fazer alguma coisa. É portanto correcta a resposta dada por Maria Luís ao jovem correlegionário. E há bastas provas disso. Fazer nada é mesmo uma das suas especialidades.