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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Todas las rosas son blancas

Maria do Céu Pires
Maria do Céu Pires
Doutorada em Filosofia. Professora.

Todas las rosas son blancas (…)[1]

Agosto, 1939, dia cinco. Quatro meses depois de terminada, a sangrenta Guerra Civil Espanhola continua a fazer vítimas. No pós-guerra continuaram os processos de repressão, as denúncias, as detenções, as execuções sumárias. Estima-se que em 1939 existiam 280 mil presos políticos em Espanha. Foi assim que treze mulheres, algumas menores de idade (entre 18 e 23 anos), foram executadas na sequência de um “julgamento” ocorrido no dia anterior, no tribunal de Salesas, em Madrid. O crime era “adesão à rebelião” e “delitos contra a ordem social e jurídica da nova Espanha” e a pena foi “pena de morte”. A estas mulheres, militantes das Juventudes Socialistas Unificadas (JSU), e que a quem foi negado o direito a envelhecer, juntaram-se, também, as condenações de 43 homens.

Treze rosas

Na História, este episódio cruel ficou conhecido com o nome de “treze rosas”, sendo uma das histórias mais comoventes e trágica do regime franquista. O seu conhecimento deve-se, em muito, ao trabalho do jornalista Jacobo García, a partir de 1985 a que se seguiu, anos mais tarde, o livro do escritor Jesús Ferrero e o trabalho de recolha documental de Carlos Fonseca, materializado na obra: Trece rosas rojas (Temas de Hoy, 2004).

A obra é construida a partir de documentos guardados por familiares e de testemunhos das pessoas que assistiram à condenação, ao desespero das mães das condenadas e ao ódio do regime.

Também em 2007 foi apresentado o filme “Las trece rosas” realizado por Emilio Martínez-Lázaro.

De facto, desde o início dos anos 2000, têm ocorrido muitos momentos de evocação histórica apresentando as mais variadas formas: homenagens públicas, espetáculos, canções, documentários, tendo, inclusivé sido criada (2004) uma Fundação com o seu nome, “Fundación Trece Rosas” cujo objectivo é desenvolver projectos de igualdade e de justiça social.

Cumpre-se, deste modo, o desejo de uma delas, Julia Conesa, expresso na carta que dirigiu à mãe antes de morrer: “Que mi nombre no se borre de la historia.”

Aqui ficam, em sentida homenagem, os seus nomes

  • Ana López Gallego
  • Victoria Muñoz García
  • Martina Barroso García
  • Virtudes González García
  • Luisa Rodríguez de la Fuente

  • Elena Gil Olaya
  • Dionisia Manzanero Sala
  • Joaquina López Laffite
  • Carmen Barrero Aguado

  • Pilar Bueno Ibáñez
  • Blanca Brisac Vázquez
  • Adelina García Casillas
  • Julia Conesa Conesa

Eram modistas, pianistas, secretárias. Todas jovens militantes por um mundo mais justo. Não esqueceremos!

[1] Federico Garcia Lorca, in Canción otoñal

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