“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina que vem e que passa num doce balanço a caminho do mar”. Não há estrofe que, como esta, nos inspire a praia de Ipanema, o Rio de Janeiro inundado de sol, o Brasil na década de 60, a bossa nova. Tudo aconteceu em 1962, no Bar Veloso (hoje batizado Garota de Ipanema), bem perto do Leblon, num hino à beleza de Helô Pinheiro, a garota de Ipanema. Só à segunda tentativa as palavras, escritas por Vinicius de Moraes ali mesmo sobre uma mesa do bar, imortalizaram a música que fervilhava na cabeça de Tom Jobim.
Tom Jobim. António Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no Rio, na Barra da Tijuca, a 25 de Janeiro de 1927, cresceu e viveu em Ipanema, deixou a vida em Nova Iorque, a 8 de Dezembro de 1994. A própria forma como dizemos o seu nome é musical, a música que polvilhou a sua vida e nos deixou tanta saudade. Compositor, poeta, maestro, pianista, cantor, orquestrador e violinista, mestre maior da bossa nova, Jobim é um dos nomes mais importantes da riquíssima história musical brasileira, um farol para músicos e melómanos de todos os países e culturas.
As suas canções andam na boca do mundo, trauteadas no dia-a-dia da cidade, numa mescla de sentimentos e paixões onde a tristeza é sempre a companheira do amor. Corcovado, Teresa da Praia, Águas de Março, Insensatez, Dindi, Samba de Uma Nota Só, Vivo Sonhando, Samba do Avião, Felicidade, Sabiá são apenas uma parte das obras-primas que nos deixou. Foram mais de trezentas as músicas que compôs, mais de noventa discos que editou, bandas sonoras de filmes e telenovelas, sinfonias e colaborações inolvidáveis, com os seus amigos brasileiros (Vinicius de Moraes, João Gilberto, Elis Regina, Dorival Caymi, Dick Farney, Miucha, Edu Lobo, Chico Buarque, Gal Costa e tantos outros) ou com a nata da música norte-americana da altura (Frank Sinatra, Stan Getz, Claus Ogerman, Ray Gilbert, Charlie Byrd, Lalo Schifrin, Quincy Jones, Coleman Hawkins, Dizzy Gillespie, Nelson Riddle e muitos outros).
A carreira musical de Tom Jobim começou em 1949, três anos depois de uma tentativa falhada para entrar em arquitetura, tocando jazz e samba nas casas noturnas de Copacabana. No mesmo ano casa-se com Thereza Hermanny e no ano seguinte nasce Paulo, o seu primeiro filho. Em 1952 começa a trabalhar como orquestrador na Continental Discos e arrenda o apartamento 201 da Rua Nascimento Silva, 107, em Ipanema. O apartamento tinha duas salas, dois quartos e vista para a estátua do Cristo Redentor no Corcovado. Nele foram compostas músicas como Garota de Ipanema ou Corcovado. As suas primeiras composições (Incerteza, Pensando em Você e Faz uma Semana) são gravadas em 1953, nas vozes de Mauricy Moura e de Ernani Filho.
Vídeos
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.
